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06
out/23

Mais um cardeal agostiniano

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No Consistório de 30 de setembro foram criados 21 novos cardeais. Entre eles Frei Robert Francis Prevost, OSA, também nomeado pelo Papa Francisco como Prefeito do Dicastério dos Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

O consistório é a reunião do Papa com os cardeais. A palavra “cardeal” vem do latim cardo/cardinis: é o eixo ou gonzo em torno do qual gira a porta. Por extensão, tem o significado de principal, fundamental. Assim falamos de virtudes cardeais (justiça, temperança, prudência e fortaleza), pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste). No caso da administração da Igreja de Roma, eram os “príncipes” conselheiros que giravam em torno do bispo de Roma. Por isso, os cardeais também são chamados “príncipes da Igreja” e “purpurados”, pois suas vestes e insígnias são da cor púrpura-carmesim.

Na cerimônia em que os novos cardeais são investidos, eles recebem o barrete cardinalício e o anel. Cada cardeal se aproxima do Papa, se ajoelha e este lhe entrega o solidéu e o barrete vermelhos, como sinal da dignidade do cardinalato, com esta exortação: “Deveis estar prontos a comportar-vos com fortaleza, até o derramamento do sangue, para o crescimento da fé cristã, para a paz e a tranquilidade do povo de Deus e pela liberdade e difusão da Santa Igreja Romana”.

A seguir, o Papa entrega a cada um o anel, com estas palavras: “Recebe o anel da mão de Pedro e saibas que com o amor do Príncipe dos Apóstolos se estreita o teu amor com a Igreja”. Então, o Papa confia ao cardeal uma igreja de Roma (título ou diaconia) como sinal de participação pastoral no ministério do Papa na Urbe (cidade de Roma). Por fim, ele entrega a bula de criação cardinalícia e da entrega do título ou diaconia e troca com o novo cardeal o abraço da paz.

O cardinalato é uma instituição muito antiga da Igreja e está particularmente ligada à Igreja de Roma. A presença cristã em Roma data dos primórdios do cristianismo. Em Roma foram martirizados os apóstolos Pedro e Paulo, por volta do ano 64. Bem antes do edito de liberdade dos cristãos, a Igreja de Roma possuía mais de vinte comunidades, denominadas “títulos”. Como a Igreja não era reconhecida pelo Império Romano, ela não podia ter propriedades. Por isso, os “títulos” de propriedade eram assumidos por cristãos ricos ou influentes. Esses títulos começaram a receber o nome de um padroeiro. À frente de uma dessas comunidades era colocado um ministro denominado “cardeal”. Além dos títulos, havia também lugares destinados ao serviço dos pobres, chamados “diaconias”.

No século V, à frente dos 25 títulos existentes, foram colocados “cardeais presbíteros”. Como responsáveis das diaconias, 14 “cardeais diáconos”. As sete cidades vizinhas de Roma, na Região do Lácio, foram constituídas como dioceses, tendo como pastores os chamados “bispos suburbicários”, os quais, a partir do século XII, foram denominados “cardeais bispos”. Todos esses cardeais eram colaboradores e conselheiros imediatos do bispo de Roma, ajudando-o no governo da diocese de Roma. A partir de 1059, tornaram-se os eleitores exclusivos do Papa.

Com o passar do tempo, o “colégio cardinalício” foi se internacionalizando. Como o número dos cardeais ultrapassou os títulos e diaconias originais, pouco a pouco as paróquias e capelas de Roma foram se transformando em títulos e diaconias, sendo-lhes designados cardeais próprios. Recentemente o Papa Francisco criou mais uma nova diaconia, a Diaconia de Santa Mônica (capela do Colégio Internacional Santa Mônica), à frente da qual colocou o cardeal-diácono Dom Robert Francis Prevost, OSA.

A Ordem de Santo Agostinho sempre teve uma especial vinculação com a Santa Sé Apostólica. Foi a própria Santa Sé quem organizou juridicamente os agostinianos como uma ordem religiosa, no século XIII. Santo Agostinho criou um estilo de vida consagrada, do qual resultaram muitos mosteiros masculinos e femininos que, espalhando-se no Norte da África, chegaram também à Europa. Muitas fundações da Idade Média adotaram a Regra de Santo Agostinho. Dentre essas destacam-se aqueles que sempre se consideraram herdeiros do legado religioso de Santo Agostinho.

Dois são os eventos marcantes da organização da Ordem de Santo Agostinho: a Primeira União (1244) e a Grande União (1256). Em ambas as ocasiões, bem como no futuro da Ordem, foi fundamental a atuação do primeiro Cardeal Protetor, Ricardo Degli Annibaldi (1200-1276). Ao longo de sua história, a Ordem Agostiniana foi agraciada pelos sumos pontífices com 14 cardeais: Boaventura de Pádua (1332-1385), Alexandre Oliva (1407-1463), Egídio de Viterbo (1407-1463), Jerônimo Seripando (1492-1563), Gregório Petrocchini (1536-1612), Henrique Noris (1631-1704), Gaspar de Molina y Oviedo (1679-1744), Patrício da Silva (1756-1840), Tomás Martinelli (1827-1888), Luís Sepiacci (1835-1893), Agostinho Ciasca (1835-1902), Sebastião Martinelli (1848-1918), Próspero Grech (1925-2019) e Robert Francis Prevost (1955).

Deus conceda muitos anos de vida ao Cardeal Dom Robert Francis Prevost, OSA, a fim de que possa servir com alegria e generosidade a nossa Igreja, tendo como horizonte maior o Reino de Deus, e um olhar de autêntico pastor para a América Latina, na qual ele serviu quase toda sua vida como religioso, missionário, sacerdote e bispo.

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial
- Texto publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, de setembro de 2023.

*Imagem de capa: AFP PHOTO / Alberto PIZZOLI/EAST NEWS

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