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13
jun/22

Homenagem:  Eladio Álvarez Fernández, uma flor nascida na guerra civil espanhola

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Nos despedimos com gratidão e carinho do querido Eladio Álvarez Fernández, no dia 6 de junho.

Eladio nasceu em 1938, em plena guerra civil espanhola. Como disse sua filha, Raquel, em mensagem lida na Missa de Sétimo Dia: Meu pai, Eladio Álvarez Fernández, foi uma flor nascida na guerra civil espanhola em Março de 1938 que encantou-se em Junho de 2022. E que FLOR ENORME!

Nasceu no povoado de Calamocos, Província de León, na Espanha, onde entrou para a Ordem de Santo Agostinho. Veio para o Brasil em 1964 e esteve à frente da Paróquia Nossa Senhora da Consolação e Correia, no bairro Engenho Novo, no Rio de Janeiro, por seis anos.

No final da década de 1970, foi o primeiro diretor do Colégio Santo Agostinho - Unidade Contagem, onde esteve até 1994. Junto a um grupo de colaboradores, fez parte da primeira equipe de trabalho do Colégio. 

Eládio deixou a Ordem de Santo Agostinho e formou uma bela família, seguindo a vocação ao matrimônio.

Confira o texto da homenagem de sua esposa Rita, e de sua filha Raquel:

A primeira vez que eu ouvi a frase "Eu sou um cidadão do mundo" foi da boca de meu pai. Depois eu soube que essa frase era de Charles Chaplin. Mas eu sempre o ouvia dizer isso. Quando perguntavam a ele sobre o por quê de não voltar a morar em seu país natal, a Espanha, ele sempre respondia: "a Europa está pronta há muito tempo, aqui é aonde podemos ainda construir os sonhos".

Ele contava que o Brasil era apaixonante, pelo seu povo, pela fertilidade da sua terra, pelo potencial de inteligência das pessoas em todas as esferas sociais. Ele dizia que o Brasil era o país mais rico do mundo em tudo. Ele nunca quis levar nada embora daqui, ele dizia que o Brasil tinha que ser o próprio dono das suas bênçãos e riquezas.

Para tantos sonhos e vontade de viver, ele não poderia ter escolhido outra carreira que não fosse a de educador. Eu de pequena o acompanhava diversas vezes a trabalhar no Colégio Santo Agostinho de Contagem.

Eu presenciava a forma generosa e firme com a qual ele recebia as pessoas na sua sala. Ele acolhia famílias completamente desesperadas por dificuldades financeiras, ouvia com atenção as dores de funcionários e colaboradores, sugeria soluções específicas para cada pessoa, estimulava cada talento escondido e desacreditado. Eu ouvi muitíssimas vezes ele dizer: "seus filhos não vão ficar sem estudo". Vi de perto tantas vezes essas cenas enquanto eu desenhava no meu cantinho, que hoje posso dizer: estejam com seus filhos e filhas deixem que elas e eles vejam o seu melhor lado.

Meu pai também dizia: "você rouba uma criança toda vez que você faz por ela tudo aquilo que ela poderia ter feito sozinha".

Ele me tomava pelas mãos pra que eu aprendesse a lidar com as dores das pessoas, me ensinou a mexer com ferramentas, me ensinou a chegar antes do horário marcado em tudo, a honrar com a verdade e me ensinou que em uma mesa redonda cabem mais pessoas do que em uma mesa quadrada.

Só quem divide com os outros tudo o que sabe, vive para sempre. Só quem divide tudo aquilo que tem de melhor dentro do si, vive para sempre. Tudo o que você divide com o mundo passa a ser do mundo e para o mundo.

Uma vez me perguntaram capiciosamente: "Raquel, se existe Deus, como é que você explica tanta maldade no mundo?". Eu respondi: "Se não existe Deus, então me explique a bondade, me explique o AMOR que você sente por alguém e me explique as flores que ainda nascem na guerra". No dia em que você conseguir me explicar o Amor, eu tentarei explicar o resto.

Meu pai, Eladio Álvarez Fernández, foi uma flor nascida na guerra civil espanhola em Março de 1938 que encantou-se em Junho de 2022. E que FLOR ENORME!

"Minha filha, nunca se esqueça que: o saber não ocupa lugar."

Minha mãe, Rita de Cássia Oliveira Álvarez, você também é isso tudo E MUITO MAIS. O mundo ainda precisa muito de nós.

Nos braços de Deus e em comunidade, nos abraçamos…
Raquel Oliveira Alvarez

* Carta lida por Raquel, filha do Eladio, na Missa de Sétimo Dia.

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