Notícias

06
jul/20

Entrevista: Frei Felix Valenzuela fala sobre o momento atual do país

Imagem
Imagem
http://bh.santoagostinho.com.br

Em entrevista especial o Frei Félix Valenzuela Cervera comenta sua percepção sobre a situação atual do país, sobretudo  neste tempo de pandemia.  Com interesse e preocupação, ele acompanha diariamente os notícias e diz que "do ponto de vista social, econômico e humano o que estamos vivendo hoje, no Brasil, é uma verdadeira tragédia. Algo que nunca vi igual em toda a minha vida".

Aos 87 anos de idade, 70 de vida religiosa, Felix conserva o mesmo espírito missionário e promissor de quando, aos 17 anos, professou os primeiros votos na Ordem de Santo Agostinho na Espanha, em 1950.

Morando no município de Santa Terezinha, próximo a São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, ele se sente privilegiado por ter boa saúde e pelo muito que já viveu. Atento às necessidades das pessoas, acompanha as diversas realidades com pesar. "A situação para o povo é muito dura, sem poder trabalhar, sem dinheiro para sustentar a família... é muito triste. Graças a Deus posso estar aqui, em Santa Terezinha. Mas me preocupo com as pessoas que não têm escolha, que por falta de recursos não encontram outra maneira de viver, não têm uma saída para essa situação terrível. Diria que me encontro muito bem, muito animado, tenho boa saúde. Sou um privilegiado pela idade, pela saúde, por tudo".

Frei Félix nasceu em Madri, Espanha, em 18 de fevereiro de 1933, sendo o sexto filho de oito irmãos. O Pai era engenheiro, militar e também foi deputado. Quando Félix nasceu, seu pai estava prisioneiro, deportado no Saara Ocidental. Ele e sua família viveram num período político e social bastante conturbado na Espanha, quando o general Franco iniciou seu regime político. Em diversas épocas de sua vida, passou por momentos de conjunturas difíceis, como o período de ditadura do general Augusto Pinochet, no Chile, e a ditatura militar no Brasil, que marcaram profundamente sua vida.

Sobre a situação atual do Brasil, agravada ainda mais pela pandemia do coronavírus, disse que não tinha vivido nada parecido. "Passam-se os anos e ninguém resolve nada na política, isso muito antes do vírus, da pandemia. Conheci muitas pragas! E penso que o que estamos vivendo hoje é pior do que tudo o que já vi até agora. Pior que as ditaduras que vivenciei no Chile e no Brasil. A situação atual me parece insustentável. O que estamos vivendo é uma vergonha tão imensa, tão ruim... muito pior que o coronavírus. O vírus não é culpa nossa, é algo mundial, mas a situação política e econômica do Brasil sim, é culpa nossa, e isso me preocupa muito mais. Essa situação é culpa da sociedade como um todo. Uns porque votaram num governo e outros porque ficam calados. Para esse problema maior é que não temos solução."

Administrador experiente e empreendedor, Félix esteve à frente de importantes processos como o de reestruturação da Sociedade Inteligência e Coração (SIC) e projetos sociais, da Província, muitos dos quais foi idealizador. Analisando a grave situação financeira pela qual muitas empresas passam atualmente, diz que nem imagina o que faria se hoje estivesse administrando. "Mínimas decisões impactam muitas pessoas, muitas famílias. É tudo muito sério, um problema imenso. Por isso, todo o meu apoio, ânimo e esperança para eles, os administradores”.

Sobre a situação das famílias, ressalta que psicologicamente é desgastante. "Pensando nos ricos a gente sabe que é um problema sério para eles. Mas, pensando nos pobres a gente fica apavorado. O problema é gravíssimo. O que esperar do amanhã sem recursos, nem casa, sem lugar para ficar isolado? Os pobres não têm nada, nada, quase não têm direito a viver. É terrível. Minha dor está fundamentada nisso aí.”

O que diria para as pessoas que estão passando por dificuldades maiores? "Sinceramente, não sei o que dizer. Não há palavras que possam solucionar. Então, eu abraçaria. Não há muito o que dizer e fazer. Dói demais”.

Entrevista_Felix3.jpg

Breve biografia:
18 de fevereiro de 1933 - Nasce em Madri, Espanha, no dia 18 de fevereiro
13 de outubro de 1950 - Primeiros votos no dia 13 de outubro de 1950
11 de setembro de 1955 - Ordenação sacerdotal
1962 - Recebe a destinação para trabalhar no Chile
1968 a 1970 - Trabalho no Panamá
1970 - Destinado pela Província Matritense (Espanha), para Vicário Regional, em Belo Horizonte (Brasil)
1978 - Retorna à Espanha como Conselheiro da Província e formador dos Teólogos no Mosteiro do Escorial. Regressa ao Brasil em 1982, para assumir novamente o cargo de Vicário Regional.
1984 a 1987 - Trabalho como formador no Teologado de Contagem (MG)
Março de 1987 - Vai para a missão de São Félix do Araguaia (MT)
1990 - Assume o cargo de Vicário Regional, residindo no Teologado de Diadema (SP) e depois residindo na comunidade da Consolação no Rio de Janeiro.
2010 - Volta à missão na Prelazia de São Félix do Araguaia, residindo no município de Santa Teresinha
2010 - Eleito conselheiro vicarial e ecônomo regressa a Belo Horizonte
2014 - Retorna a São Félix do Araguaia. Reside atualmente no município de Santa Teresinha (região do Araguaia)

Entrevista_Felix2.jpg

+ Mapa do Site

Política de Privacidade
Cúria Provincial Agostiniana Rua Mato Grosso, 936, Santo Agostinho Belo Horizonte - MG, 30190-085 +55 (31) 2125-6879 comunicacao@agostinianos.org.br

Fique por dentro de tudo o que acontece na Província. Cadastre seu e-mail para receber nossa Newsletter.