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20
jul/23

Diário de um missionário na Amazônia peruana – Parte 1

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Durante o mês de julho, vamos acompanhar os relatos do Frei Paulo Henrique Cintra, membro da Comissão de Justiça e Paz e Cuidado com a Criação, da nossa Província, sobre sua participação na ação missionária na Amazônia peruana, a convite do vicário de Iquitos, Frei Antônio Lozán Pun Lay, para auxiliar nas atividades pastorais do Vicariato, no Peru.

Desde o início do trabalho apostólico, em 1901, os agostinianos se depararam com a dramática condição de vida dos povos indígenas, e com uma forte oposição antirreligiosa das lideranças políticas da região. Não obstante, os religiosos seguiram com a árdua missão de adentrar a selva profunda, estabelecendo pontos de apoio para as atividades missionárias, levantando templos, construindo escolas e tocando diferentes projetos de promoção humana e social, especialmente junto aos povos indígenas (Cocamas, Aguarunas, Jíbaros, Yagüas, dentre outros).

É neste cenário que a missão na Amazônia peruana acontece: com inúmeros desafios, muito trabalho, mas também, com inquietude e disposição em servir. Para o Frei Paulo, "é uma alegria poder compartilhar do trabalho dos irmãos no território amazônico!"

A seguir, um relato sobre os dias na missão de Iquitos:

A viagem

A chegada em Iquitos foi no dia 12 julho, após cerca de 12 horas, entre voos, conexões e tempo de espera. A temperatura é, sem dúvida, um dos desafios. O verão peruano é intenso. Cerca de 31 graus. Diferente de Belo Horizonte/MG, onde o Frei Paulo reside, que tem dias mais frios nesta época do ano, chegando a menos de 10 graus.

"Aqui, me hospedo na fraternidade San Agostin, residência localizada no colégio San Agostin e sede do Vicariato de Iquitos. Nela vivem o Frei Antônio Lozán (vicário e prior da comunidade); Frei Miguel Fuertes Prieto (Ecônomo); e os freis Vitoriano Vallinas e Joaquín García Sánches, ambos já aposentados. Integra a comunidade, temporariamente, o frei Ladislaus do Vicariato de Tanzânia, que está em seu estágio pastoral antes de sua ordenação presbiteral."(Frei Paulo Cintra).

O aeroporto é pequeno, repleto de pessoas que esperam os passageiros para oferecerem os seus serviços de translado em “motocar” - uma adaptação de uma motocicleta para um triciclo, que carrega até três passageiros, e tem uma cobertura para se proteger do sol, e abertura nas laterais para se aproveitar o vento e refrescar do calor. "Por aqui tem poucos automóveis, e parece ter um motocar por pessoa. As ruas ficam repletas deles."

Frei Antônio Lozán gentilmente o esperava no aeroporto, no distrito de San Juan. "É incrível ver o frenesi do trânsito na cidade. O sem-número de motocar se espremendo nas ruas ao lado dos poucos carros e ônibus mais parece um formigueiro organizado à sua maneira."

Iquitos, a cidade sede do Vicariato Apostólico agostiniano, é a capital e a maior cidade do departamento de Loreto, que por sua vez, pertence à província de Maynas. Possui a maior densidade populacional do departamento, chegando em números oficiais a quase quinhentos mil habitantes, mas devida a subnotificação e a crescente expansão e ocupação territorial nos últimos anos, estima-se que já há cerca de setecentas mil pessoas vivendo por ali.

Presença agostiniana

O Vicariato de Iquitos é resultado de um acordo firmado em 1896, entre o Governo Peruano e a Santa Sé. Nesse acordo foram criados três vicariatos apostólicos, que foram divididos entre três ordens religiosas presentes no Peru desde o século XVI, sendo: os Agostinianos, os Dominicanos e os Franciscanos.

Coube aos agostinianos espanhóis da Província do Santíssimo Nome de Jesus das Filipinas, administrar a missão encomendada pela Santa Sé. Os primeiros agostinianos a chegar no território peruano foram os freis Paulino Díaz; Pedro Prat; Bernardo Calle; Plácido Mallo e Pío Gonzalo Fernández, em 1º de março de 1901.

Os agostinianos estão na parte setentrional, no norte do país, em uma região banhada pelos rios Marañón e Amazonas. Esse recorte geográfico contempla as fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador, possuindo, portanto, uma extensão territorial de 400.000 Km².

Atualmente o Vicariato administra paróquias e capelas nas áreas urbanas e de selva, além de colégios, escolas paroquiais e escolas de capacitação profissional. Administram, também, o Centro de Estudos Teológicos da Amazônia (CETA), e são responsáveis pela emissora de rádio “La voz de la Selva”, importante instrumento de evangelização em seu território.

Amizade com o Brasil
Os agostinianos presentes em Iquitos têm uma grande proximidade com os freis brasileiros, principalmente pelo fato de serem, por muitos anos, Vicariatos “irmãos”. Antes de ser elevada a Província, em 2019, o então Vicariato Agostiniano Nossa Senhora da Consolação do Brasil também pertencia à antiga Província Matritense, hoje, Província San Juan de Sahagún, na Espanha.

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