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19
dez/21

VOCAÇÃO: ENTRE O KAYRÓS E O CRONOS – Inícios de uma reflexão

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Chegamos ao final de mais um ano e acredito que um sentimento comum a todo animador vocacional parece mesclar gratidão e frustração! Se por um lado há gratidão pela seara realizada, pelas sementes plantadas – e quão gratificante é contemplar no olhar do jovem o brilho de quem está acertando o caminho e descobrindo o seu lugar no mundo –, por outro, visita-nos a frustração porque os “resultados” parecem ser inversamente proporcionais aos esforços dispensados ao longo do ano! E definitivamente não acredito que tenha que ser diferente. Mas que frustra, frustra! E frustrar-se faz bem!

Mas... porque movidos pela Páscoa do Senhor, não nos cabe no coração a desesperança, e a gente ousa seguir caminho e semear mais uma vez! E nesse árduo trabalho de despertar, discernir, cultivar e acompanhar vocações são muitos os aprendizados, dentre os quais, gostaria de compartilhar com você – os inícios de uma reflexão – um que tem me instigado nos últimos tempos. E tem justamente a ver com o tempo!

Não há dúvidas de que a vocação, como iniciativa divina, situa-se no kayrós, no tempo de Deus, impossível de ser mensurado, cronometrado. Não tem hora a vocação! Por outro lado, a resposta a esse chamado, como iniciativa humana, situa-se no cronos, no tempo da gente, marcado no relógio, no calendário. E essa, sim, tem a sua hora! Sinto, a partir da escuta de muitos jovens, que esse não é um dilema muito simples de se resolver. Se, por um lado, percebe-se a moção kayrológica do Deus que ama e chama, por outro, o medo e a insegurança da nossa condição “barral” protelam cronologicamente a resposta. Não é fácil mesmo discernir a vocação!

O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Pós-sinodal Christus Vivit, parece nos oferecer algumas luzes. Ao insistir na superioridade do tempo em relação ao espaço, o Papa reforça que o discernimento da vocação passa muito mais pelo acompanhamento de processos do que pela imposição de percursos (cf. 297). Nesse sentido, caberá sempre ao animador vocacional “o ministério do acompanhamento”, ajudando o jovem a “desenvolver-se, fazer germinar e crescer tudo aquilo que uma pessoa é. Não se trata de inventar-se, criar-se a si mesmo do nada, mas descobrir-se a si mesmo à luz de Deus e fazer florescer o próprio ser...” (Christus Vivit 257). E isso exige tempo, em quantidade e qualidade!

Mas, e o dilema Kayrós X Cronos? Seguirá! O “quando” da vocação-resposta exige de nós é a coragem de arriscar-se, aquele salto da fé de que falava o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Bom! Inícios de reflexão... espero contar com sua ajuda para continuar...

Frei Tailer Douglas Ferreira, OSA
Promotor Vocacional
*Texto publicado na coluna PRO-VOCAÇÃO do Jornal Inquietude On-line, de dezembro de 2021.

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