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20
mai/22

Sinais pascais

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O Evangelho de João assim narra a aparição de Jesus Ressuscitado aos seus discípulos: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde estavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: ‘A paz esteja com vocês’” (Jo 20, 19). A seguir, mostrou-lhes as mãos e os lados; os discípulos ficaram muito alegres. Novamente Jesus lhes transmite a paz. Sopra sobre eles e lhes dá o Espírito Santo, com o poder de perdoar pecados.

Depois da prisão, condenação, tortura, escárnios, morte violenta de Jesus, seus discípulos ficaram arrasados, dispersaram-se, fugiram. Estavam cheios de medo. Quando voltaram a se reunir, ficaram fechados. A noite vinha caindo. Diante dessa situação, era praticamente impossível inventar alguma coisa e sair anunciando...

Pois é exatamente nesse quadro que Jesus se manifesta. Quando se faz noite, há escuridão, medo, fechamento. Quando tudo parece impossível, Jesus vence essas barreiras e se põe no meio.

Onde Jesus está presente, há luz, alegria, paz, perdão.
Ele não deixa seus discípulos órfãos, desamparados, amedrontados.
Ele vai permanecer para sempre entre eles, por meio de Seu Espírito Santo.
Agora vai começar a missão: transmitir luz, paz, alegria, perdão! Ser sinais pascais.

O evangelista disse que aquele era o primeiro dia. Na liturgia pascal, nós cantamos: “Este é o dia que o Senhor fez para nós. Alegremo-nos e nEle exultemos!” (Sl 118,24). A Páscoa é sempre para os cristãos o novo e primeiro dia, de recomeçar sempre, jamais perder a esperança. Onde Jesus está presente, os sinais de Páscoa se realizam e novamente há luz, paz, alegria, perdão, coragem.

Recentemente, nossos bispos enviaram uma “Mensagem ao povo brasileiro”, uma “mensagem de fé, esperança e corajoso compromisso com a vida e o Brasil”. Em sua mensagem, os bispos recordaram sinais pascais que se realizaram durante o período da pandemia e desastres ambientais: “explosão de solidariedade”, partilha de alimentos e espaços, assistência a pessoas solitárias, dedicação incansável de profissionais da saúde, importância e eficácia do SUS, a acolhida em massa da população para vencer o descaso e o negacionismo, cuidado das famílias e educadores com crianças, adolescentes, jovens e adultos. Em meio à escuridão da perda de mais de 660 mil pessoas, houve solidariedade com as famílias enlutadas e também não faltaram as preces para elas e os entes queridos que partiram.

Os bispos constatam também trevas, medo, desânimo: “O quadro atual é gravíssimo. O Brasil não vai bem!”. E denunciam a crise sanitária, crise ética, econômica, social e política, que já vinha bem antes da pandemia e, com ela, se agravou. Aumentou a desigualdade, as crises foram acentuadas: aumento do desemprego, da fome, insegurança alimentar; ações criminosas de exploração e degradação dos ecossistemas, desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, com consequências principalmente para os pobres. Tudo isso leva a mais violência, além das guerras, feminicídio e tantas outras mazelas. Sem contar a lógica do confronto entre os poderes da nação, que ameaça o estado democrático de direito e suas instituições; o desmonte da conquista e direitos consolidados, o ódio nas redes sociais.

Por isso, os bispos, uma vez mais, conclamam o povo brasileiro a revigorar com fé, coragem e esperança nossa presença pascal no meio da sociedade, com ações como: o exercício da cidadania, a consciente participação política, capaz de promover a “boa política”, como diz o Papa Francisco, votar com consciência e responsabilidade em candidatos comprometidos com a defesa integral da vida. Encorajam as organizações e movimentos sociais a continuarem se unindo em mutirão pela vida, especialmente por terra, teto e trabalho. E convidam a todos, como “irmãos e irmãs, particularmente a juventude, a deixarem-se guiar pela esperança e pelo desejo de uma sociedade justa e fraterna”.

Onde Jesus Ressuscitado está presente, acontecem passagens. Sejamos, pois, sinais pascais.

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

- Texto publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, edição abril/maio de 2022.

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