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mar/23

Sementes pascais

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Durante o tempo da Quaresma, participei da abertura de um Encontro de Formação de Lideranças do GRUCA, para adolescentes e jovens dos centros educativos agostinianos. O GRUCA, cuja sigla significa Grupo de Convivência Agostiniana, é uma oportunidade para os jovens vivenciarem uma experiência de encontro, partilha de vida e aprofundamento na espiritualidade agostiniana.

Numa das dinâmicas iniciais, os participantes foram convidados a, simbolicamente, lançar as sementes na terra, por meio de gestos. Todos se envolveram na dinâmica, uns mais, outros menos. Alguns se divertiam com a dinâmica, sem maior concentração. Outros se compenetravam na atividade e a realizavam como uma verdadeira semeadura, sentindo o que estavam fazendo.

Isso me fez lembrar como começamos essa atividade. No ano de 1991, tivemos na comunidade religiosa agostiniana Santo Agostinho, de Belo Horizonte, alguns frades, professos de votos simples, estudantes de teologia, inquietos por realizarem algo com os jovens da Paróquia Nossa Senhora da Consolação e Correia. Eram os Freis André Zago, Alexandre de Oliveira e Enrique Porta. Dos contatos e conversas havidos durante o primeiro semestre, nasceu a ideia de propiciar aos jovens a experiência de um “grupo de vida” ao estilo agostiniano.

Daí nasceu o GRUCA. Primeiramente foi implantado na paróquia e, depois, nas unidades do Colégio Santo Agostinho. Com altos e baixos, a iniciativa sobreviveu, adaptando-se à realidade das paróquias e dos colégios, de acordo com as especificidades de cada lugar e da constituição das pessoas concretas. Hoje o GRUCA tem em sua proposta, com a experiência amadurecida em tantos anos, uma metodologia, um temário.

Na mensagem que dei aos jovens reunidos naquele Encontro de Formação de Quaresma, recordei as origens do GRUCA. Olhando nos olhos inquietos desses jovens, sentindo a energia e vibração daquele momento, recordei-me também da reflexão que Santo Agostinho fez sobre “milagre”.

Milagre vem do latim “miraculum”, que significa “coisa maravilhosa”. Normalmente, quando falamos em milagre, pensamos em um fenômeno extraordinário, que extrapola as leis da natureza ou escapa à nossa compreensão. Mas Santo Agostinho nos chama a atenção para essa dimensão misteriosa das “coisas normais”, às quais nem sempre damos valor. Assim como uma semente que, lançada na terra, vai germinando, se desenvolvendo e, no tempo certo, desponta da terra e vai crescendo, dando flores e frutos.

Jesus usou a imagem da semente para falar do Reino de Deus: “O Reino de Deus é como uma pessoa que lançou a semente na terra: ela dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que saiba como” (Marcos 4,26-27).  Uma de suas parábolas mais conhecidas é a do semeador, que lança a semente em diferentes terrenos. Nem todos os terrenos são propícios. A semente lançada em terra boa vai produzir frutos, de acordo com sua capacidade (Marcos 4, 1-9; Mateus13,1-9; Lucas 8,4-9). A semente é também uma imagem da vida doada, da entrega até a morte, que produz vida nova, ressurreição: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, ficará só; mas se morrer, produzirá muito fruto” (Jo 12,24). São Paulo também usou a metáfora da semente para falar da ressurreição (1 Cor 15,35-44).

Estamos às vésperas de celebrar a Páscoa da Ressurreição de Jesus. A Páscoa é passagem da morte para a vida eterna. Nossa vida é feita de pequenas mortes e pequenas ressurreições. Para quem crê, vivemos sempre em “ritmo pascal”.

Naquele Encontro, em tudo vi “sementes pascais”, um autêntico “milagre”. Assim é a própria vida, assim são tantas realizações, assim acontece com quem tem fé: coisas maravilhosas acontecem. São um autêntico “milagre”. Como as jovens e os jovens ali reunidos. Brotos de vida despontando: um maravilhoso sinal e esperança de beleza nova acontecendo.

Logo vamos iniciar o “Tempo Pascal”. Desde já, convido vocês a continuarem a semeadura com “sementes pascais”, pois coisas maravilhosas, a seu tempo, acontecerão.

Desde já, Feliz Páscoa de Jesus!

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

- Artigo publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, de março de 2023.

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