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jul/22

O protagonismo das mulheres na Igreja

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No último 13 de julho, o Papa Francisco nomeou três mulheres para o Dicastério dos Bispos, um dos mais importantes ministérios do governo da Igreja Católica. São elas: as Irmãs Raffaella Petrini e Yvonne Reungoat, e a doutora Maria Lia Zervino, presidente da União Mundial de Organizações Femininas Católicas. Anteriormente, em 2021, o Papa já havia nomeado duas mulheres para cargos importantes no Vaticano: a já citada Irmã Raffaella Petrini, como secretária geral do Governorato do Estado da Cidade do Vaticano, e a Irmã Nathalie Becquart, como subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos.

Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco tem discursado sobre o significado e a importância das mulheres no mundo contemporâneo, na sociedade em geral e particularmente na vida da Igreja. Além disso, retoma um aspecto exaustivamente abordado pelos teólogos e pela imprensa em geral: a desvalorização da mulher ao longo da história do cristianismo. É paradoxal: por um lado, as mulheres são a maioria no cotidiano da vida da Igreja e, por outro, com raras exceções, não têm acesso a instâncias de poder decisório, reservadas aos homens, basicamente ao clero, os ministros ordenados.

Na visão do Papa, esse reconhecimento e valorização não passa pela ordenação das mulheres ao sacerdócio, como ocorre nas Igrejas da Reforma Protestante e da comunhão Anglicana. O Papa bem sabe que esse é um tema delicado e não quer causar divisões. No entanto, ele tem incentivado os estudos sobre a possibilidade do diaconato feminino permanente, como acontecia no cristianismo antigo, de cuja comissão participam cinco mulheres. Além disso, também abriu às mulheres a participação nos ofícios de Leitor e Acólito, antes reservados apenas aos homens. Na verdade, o Papa destaca sempre como as mulheres estão muito presentes em muitos ministérios “informais” no cotidiano das comunidades cristãs: catequistas, ministras da Eucaristia e das Exéquias, proclamadoras da Palavra, coordenadoras de comunidades e conselhos vários, administradoras, teólogas, orientadoras espirituais.

No caminho sinodal, de encontro, escuta e discernimento, o Papa nos incentiva a fazer uma reavaliação em profundidade acerca de nossas concepções, a superar nossos preconceitos, visões sexistas e abrir-nos a novas possibilidades de participação de todos os membros das comunidades de fé, voltando-nos ao exemplo das comunidades cristãs antigas, nas quais também havia visões estreitas e dificuldades de reconhecimento do valor e papel das mulheres.

Num mundo patriarcal, dominado pelo poder decisório dos homens, Jesus se dirigia às mulheres em pé de igualdade, falava em público com elas, resgatava-as de sua condição social de marginalidade e inferioridade, aceitou-as como discípulas. Por uma mulher, Maria, sua mãe, o Verbo da Vida se fez homem. Apenas um grupo de mulheres e o discípulo amado estavam junto à cruz. Uma mulher, Maria Madalena, foi a primeira testemunha da ressurreição. Nossa conversão diária ao seguimento de Jesus passa pela valorização e reconhecimento da presença feminina na vida de nossas comunidades de fé.

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

- Texto publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, edição de julho de 2022.

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