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ago/22

O maior milagre de Santo Agostinho

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Na Ordem Agostiniana, contamos com vários santos “milagreiros”, como é o caso de Santa Rita de Cássia, a santa das “causas impossíveis”. No entanto, não se tem muitas notícias de milagres realizados por intercessão de Santo Agostinho.

De acordo com São Possídio, um dos poucos milagres atribuídos a Santo Agostinho, ainda em vida, foi a cura de um doente, durante o cerco da cidade de Hipona pelos vândalos, um pouco antes de sua morte, em 430. Em sua “Vida de Agostinho”, Possídio ainda conta que o bispo de Hipona passou seus últimos dias recolhido em oração e recitando os salmos penitenciais.

Tiago de Varazze, um autor do século XIII, escreveu uma famosa coletânea da vida dos santos da Igreja antiga, a “Legenda Áurea”. Nesse famoso hagiológio medieval, ele também inclui Santo Agostinho, narrando uma dezena de milagres sob sua intercessão.

Em suas obras, Santo Agostinho comenta os milagres de Jesus Cristo narrados no Novo Testamento. No Tratado 8, do “Comentário ao Evangelho de São João” (Jo 2,1-11), ele explica o significado da transformação da água em vinho, ocorrida nas bodas de Caná. Ele chama a atenção para como as pessoas estão sempre em busca de prodígios e ficam maravilhadas diante dos sinais extraordinários. Para Deus nada é impossível, evidentemente. E, em certas ocasiões, Deus realiza tais sinais para despertar o sentido do maravilhoso que faz parte de todas as coisas da vida.

Na verdade, o milagre é muito mais comum do que as pessoas imaginam. Partindo da etimologia da palavra miraculum (“coisa maravilhosa”), Santo Agostinho explica que toda a vida e o que nela acontece é um verdadeiro milagre: o sol nasce todos os dias, as sementes germinam misteriosamente, as águas caem dos céus, pessoas nascem diariamente. Por estarem tão acostumadas a esses fatos, as pessoas perdem a noção do significado maravilhoso dessas realidades que, no fundo, se devem à bondade e à força criadora de Deus. O homem, com sua inteligência, desvenda os segredos do universo e, de certa maneira, participa do ato criador de Deus, operando verdadeiros milagres. No entanto, com seu orgulho, deu as costas ao Criador e perdeu a capacidade de contemplar as maravilhas de Deus nas coisas mais simples e elementares.

Santo Agostinho é considerado “o mais santo dos sábios e o mais sábio dos santos”: continua a ser a maior inteligência da Igreja Católica de todos os tempos e um dos maiores luminares da humanidade. Sua prodigiosa inteligência, sagacidade, lucidez e inspiração sempre suscitaram a admiração de seus ouvintes, interlocutores e leitores.

Talvez o maior milagre de Santo Agostinho seja este mesmo: sua profunda humanidade que nos leva a redescobrir o milagre que se manifesta no cotidiano da vida, nas mínimas coisas. O mundo atual necessita redescobrir o sentido do mistério, do maravilhoso, da surpresa de cada acontecimento, da originalidade de cada ser, da dignidade de toda pessoa. Cultivar essa capacidade contemplativa revela-se como um ato humanizador, um autêntico milagre para nossos dias!

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

- Texto publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, edição de agosto de 2022.

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