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jun/21

O canto popular religioso e sua importância para a evangelização do povo católico

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O Canto Popular Religioso é um gênero musical bastante ouvido e utilizado em nossas comunidades eclesiais, ainda que pela maioria das pessoas não seja assim identificado, isto é, poucos fazem a distinção entre canto popular religioso e canto litúrgico. Esse tipo de música, ainda parece soar aos nossos ouvidos como algo vago, sem definição, sobre o qual não sabemos argumentar e,  às vezes, nem sabemos bem o que é. Pode-se dizer que o canto popular religioso é aquele que brota como expressão do povo católico e que desperta nele uma piedade e conexão com Deus, isto é, é um estilo musical que ajuda as pessoas a cultivar sua espiritualidade de maneira simples. No Brasil, seu surgimento, de maneira oficial, se deu a partir dos anos 1960, e teve como seu grande expoente o padre dehoniano José Fernandes de Oliveira, popularmente conhecido como Pe. Zezinho.

Visto que a música é como um “ritual” que faz parte de nossa vida, ela encontra-se presente na história e na cultura de todos os povos, sendo uma expressão de sentimentos, agradecimento, pedido, amor, carinho, dor, sofrimento, alegria e tristeza através dos sons, ritmos e melodias diversas. A música também desperta o que se chama de efeito âncora, que é a capacidade de recuperar sentimentos experimentados por nós ao ouvir melodias ou ao guardar determinada letra. Um exemplo claro disso é a Turkish March, de Luigi Van Beethoven, música usada no seriado de televisão El Chavo del Ocho (Chaves). Pessoas que tiveram contato com o seriado, ao ouvi-la, identificarão aprendizados fixados ao longo dos episódios.

O mesmo fenômeno acontece com qualquer outro tipo de música, inclusive com o canto popular religioso. Muitas vezes, nas cidades interioranas do Brasil, tal canto era propagado através do rádio. É de nosso conhecimento que a população dessas regiões nem sempre teve um bom acesso à educação e, em alguns casos, o ensino chegava até ela através desse meio de comunicação. Assim também foi com a Igreja – e ainda continua sendo em alguns extremos do país – em que o único modo encontrado para chegar até esses lugares foi através do rádio.  Na maioria das vezes, esses canais de comunicação contam em sua programação com uma forte

presença dos cantos populares religiosos, o que desperta a lembrança e o desejo de Deus no coração desse povo.

O canto popular religioso destaca-se por sua linguagem coloquial, acessível a todos, ou seja, através da linguagem usada nele a Igreja consegue passar bons ensinamentos a respeito da fé popular ou até mesmo sobre a sua doutrina, num processo de evangelização simples e rápido. Um exemplo comum é a canção do Padre Zezinho “Amar como Jesus amou” (1974). É um canto popular religioso que tematiza os passos a serem seguidos para uma configuração a Cristo, que por sua vez, nos conduz à felicidade.

Ora, o que entendemos como canto popular religioso não apresenta caráter litúrgico, ainda que muitas vezes seja utilizado nas celebrações litúrgicas, sobretudo nas missas. Frequentemente, percebe-se que essa confusão entre o que é popular, executado em qualquer ambiente, e o que deve ser cantado na liturgia, ocorre porque se pensa que a música, só por falar em Deus, exerce a mesma função no ambiente da celebração litúrgica. O fato desse gênero musical ser composto por pessoas da Igreja, como clérigos e leigos, e por falar em Deus ou temas relacionados à Igreja Católica, não significa que ele seja indicado para o uso na celebração da missa ou demais sacramentos.

Em síntese, a reflexão sobre o canto popular religioso é de riquíssima importância e até mesmo incentivada pela Igreja, como nos recorda o Concílio Vaticano II: “O canto popular religioso seja incentivado com empenho, de modo que os fiéis possam cantar nos piedosos e sagrados exercícios e nas próprias ações litúrgicas, de acordo com as normas e prescrições das rubricas” (Sacrosanctum Concilium, 118). Ou seja, não é o fato de não ser adequado a todos os momentos litúrgicos que o canto popular religioso deva ser desprezado. Pelo contrário, devemos reconhecer sua importância e seu papel, que teve e continua tendo até os dias de hoje. Dessa forma, reconheceremos seu devido lugar dentro e fora da Igreja, para que, através dele, continuemos evangelizando os povos através da música e da oração, comunicando a mensagem de Cristo, por meio da alegria e da fé.

José Henrique Souza Morais
Formando Agostiniano, Bacharelando em Filosofia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino
E-mail: j.henriqueacl@gmail.com

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