Dia 14 de novembro encerrou-se a COP-26 - 26ª Conferência das Nações Unidas (ONU) , sobre Mudança do Clima, em Glasgow, na Escócia, com a participação de representantes de mais de 190 países, entre os quais o Brasil.
Havia grandes expectativas para um avanço em relação aos acordos anteriores. Em 1997, o Protocolo de Kyoto foi assinado com o objetivo de reduzir a emissão de gases que agravam o efeito estufa, causador do aquecimento global. O Acordo de Paris colocou a meta de limitar o aumento de temperatura em 1,5 grau Celsius durante este século.
No entanto, ao invés de estipular medidas drásticas para acabar com a emissão do gás carbono, principal causador do efeito estufa, as decisões foram na linha de “reduzir”. Índia e China, principais produtores de carvão foram decisivos para essa postura. As nações ricas ignoraram o apelo para a criação de um instrumento que permitisse aos países pobres acessar recursos financeiros para ações de prevenção e reconstrução contra eventos climáticos.
O Papa Francisco tem continuamente despertado a humanidade para causas comuns que irmanam, fazem as pessoas se encontrarem. Entre elas está o cuidado com a Casa comum, o nosso planeta Terra, presente maravilhoso que o Criador confiou ao ser humano, como um guardião, não um dominador. O fato de o ser humano estar no cume da criação, como “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26), não significa que ele seja o centro, o centro é a própria Vida em movimento, da qual participam todos os seres, que merecem respeito e cuidado.
No entanto, a humanidade se enveredou por um caminho perigoso, ao entrar numa luta frenética contra a natureza, para dominá-la, explorá-la e usufruir de seus recursos, de forma egoísta e desequilibrada. Dessa forma, a crise socioambiental que estamos vivendo revela a outra face de uma crise humanitária, sem precedentes. A pandemia da covid-19 se insere no bojo dessa crise, tendo agravado uma crise econômica, que afeta principalmente os pobres.
Por isso o Papa também nos faz um apelo a uma “conversão ecológica”, recordando-nos que “tudo está interligado!”: os desastres ambientais, as pandemias, as crises econômicas, a corrupção política, a cultura do desperdício e do descarte estão intimamente associados. Só uma radical mudança de atitudes, do estilo de vida mais simples, uma nova consciência e cidadania planetária podem nos salvar e preservar o planeta.
Diante desse quadro, atentos ao apelo do Papa Francisco, queremos renovar o nosso “caminho de conversão ecológica”, assumido no Capítulo Geral da Ordem de Santo Agostinho, em 2019. Em sua Proposta 31, a suprema Assembleia Internacional dos Agostinianos reafirmou o compromisso de “promover a educação, reflexão e cuidado de nossa Casa comum". Entre outras decisões, neste sexênio 2019-2025, devem ser promovidos estudos, cursos e medidas concretas em todas as comunidades, paróquias, universidades, centros educativos, obras sociais e missões da Ordem, para que esse compromisso seja efetivado.
Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial
*Texto publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, em novembro de 2021.