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17
jun/24

Ninguém vence sem lutar

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A vida é feita de tentações. Todo cristão sabe que as coisas do mundo são frutos diretos da ação bondosa de Deus para com a humanidade. Assim como todo o universo da criação existe para que possamos conviver juntos da melhor maneira possível. Contudo, o homem constantemente é tentado a desvirtuar as coisas dadas por Deus a cada um de nós. No fim da história, a maior tentação que temos é a de realizarmos a nossa própria vontade, ao invés da de Deus. E esse passa a ser um dos maiores entraves para o nosso amadurecimento espiritual.

“Nossa vida é uma peregrinação. E, como tal, cheia de tentações. Porém, nossa maturidade se forja nas tentações. Ninguém conhece a si mesmo se não é tentado; nem pode ser coroado se não vence, se não luta.” Santo Agostinho in Comentários aos Salmos 60, 30.

A busca constante de autoconhecimento é acrisolada nas tentações cotidianas que nos empurram para uma autossuficiência em relação ao que Deus tem organizado como realidade de amadurecimento para cada um de nós. A vida, em sua inteireza, é para nós o chão do nosso amadurecimento. Ao mesmo tempo, é a nossa maior oportunidade de crescer em sabedoria e graça, diante de Deus e dos nossos irmãos. Entregar-se aos próprios desejos humanos é a nossa maior fraqueza. E, por muitas vezes, sucumbimos a essa grande tentação. Como o próprio Santo de Hipona se recorda em suas confissões:

“Meu orgulho me fazia andar errado e flutuava à deriva, sempre à mercê do mais forte. Onde, Senhor, estava a alma enferma, não fundada na solidez da verdade? É levada e trazida, torcida e retorcida, conforme sopra o vento das línguas e opiniões, saído da ventosa caverna do peito dos homens.” Santo Agostinho in Confissões 4, 24.

É de dentro do próprio homem que surgem as maiores tentações. Por isso, o processo de conhecer as nossas próprias limitações auxilia no autodomínio que nos aperfeiçoa, fazendo-nos mais próximos para alcançar uma vida mais austera e santa. Esse deve ser o desejo de cada uma das pessoas que travam, diariamente, uma batalha para dar o seu melhor neste mundo. Os desafios postos no mundo devem nos levar a grandes conquistas internas, que gerem a libertação e a prospecção para novos encontros com os irmãos e com Deus. Fugir dos desafios é rejeitar o próprio processo de conversão a quem todos somos chamados.

“Se rejeitas a tentação, rejeitas também o crescimento. Coloca-te nas mãos do Artífice, sem restrições. Ele te corrige, te lustra e te limpa. Para isso, serve-se de vários instrumentos: são as tentações do mundo. Não fujas das mãos do Artífice e não temas: Deus permite as tentações, não para te arruinar, mas para fazer-te mais forte.” Santo Agostinho in Comentários aos Salmos 94, 9.

Dessa forma, devemos nos deixar conduzir por Deus através das tentações que Ele nos permite passar ao largo da nossa vida. A vida, por si só, não ensina nada a ninguém. Contudo, ela é uma grande oportunidade para nos conhecermos melhor e aprendermos a conviver com os irmãos, em meio a tantas tentações. Por isso, não fujamos das tentações, mas as enfrentemos, pois “ninguém vence sem lutar. Por isso não pedimos a Deus Que nos livre das tentações, mas que nos preserve do mal.” Santo Agostinho in Sermão 2, 9, 31. Somente assim, conseguiremos as vitórias que tanto desejamos cotidianamente.

Frei Arthur Vianna Fereira, OSA

Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, edição de junho de 2024.

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