Chegada a plenitude dos tempos, Deus Pai nos enviou o Seu próprio Filho; a Palavra se fez carne e veio morar entre nós (cf. Hb 1,1; Jo 1,14). Em Jesus Cristo, que assumiu nossa natureza humana, que se fez próximo, Deus nos fala, nos revela o Seu amor, Sua caridade, Sua solidariedade.
Encontrando-se com Jesus, muitos descobriram e sentiram a presença de: “Deus visitou o Seu povo” (Lc 7,16). Jesus é o Emanuel que proclama: “O Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15) e diz: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados e surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres é anunciado o Evangelho” (Lc 7,22).
No processo de evangelização missionária, isso quer dizer que não basta falar sobre Deus, sobre Jesus Cristo e o Espírito Santo, sobre o Evangelho. É de fundamental importância ser sinal de fraternidade e de caridade através de gestos bem simples e concretos a partir do princípio do Evangelho: oferecer o amor de Nosso Senhor a cada pessoa, antes de corrigir e apontar para a sua conversão, lembrando-nos da palavra: Deus amou de tal modo o mundo que enviou o Seu Filho não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele (Jo 3,15-17). Nossos gestos sejam então sinal da caridade, da pobreza, da esperança e do sacrifício que devem marcar nossa vida missionária.
Viver a Palavra não é apenas uma exigência moral para crescermos no bem. É uma exigência profética: trata-se de deixar a Palavra do Céu se fazer carne em nós, visitar a nossa vida (a família, a comunidade), morar em nós para que, também pelo testemunho missionário, outras pessoas descubram ou redescubram a verdade e a amem. Realmente, o segredo da evangelização está em ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo pelo encontro com Ele, a amá-Lo, segui-Lo e Dele dar testemunho.
A vida de quem vai conhecendo Jesus Cristo, descobrindo Seu amor, amando-O sempre e seguindo Seus passos como seu(ua) discípulo(a) missionário(a), necessita estar sempre mergulhada na comunhão com a Trindade Santa. O compromisso missionário nasce do encontro com Jesus Cristo, da vivência dessa comunhão e se alimentará dessa graça. Quando uma pessoa livremente, isto é, de coração, proclama: eu quero ser discípulo(a) missionário(a) de Jesus Cristo, eu me comprometo com a missão, está dando sinal de que está se transformando a partir do encontro com Cristo e vivendo o caminho da comunhão.
Nosso grande trabalho é ajudar as pessoas a fim de que possam, pela meditação pessoal cotidiana da Palavra de Deus, descobrir a presença do Verbo Encarnado nas Sagradas Escrituras, na comunidade que reza, nos pobres... Ser missionário(a) é deixar a Palavra ser pronunciada hoje para que encontre acolhida na vida das pessoas, especialmente dos pobres.
Ele está no meio de nós, no meio dos pobres, pois Ele se fez pobre.
*Texto publicado na coluna Theos, do Jornal Inquietude On-line, em outubro de 2021.