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21
mar/22

Minha paz dou a vocês…

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Antes de partir para o Pai, na última ceia, Jesus disse a seus discípulos: “Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo!” (Jo 14,27).

Mensagem ao mesmo tempo consoladora e fortalecedora para estes tempos em que vivemos.

As notícias sobre a insana e estúpida guerra da Ucrânia nos deixam estarrecidos. Como é possível isso? Estamos sensibilizados porque ela é notícia diuturna. Nem sempre nos sensibilizamos com as outras muitas guerras, silenciosas e crônicas, espalhadas por todo o mundo. E muito mais perto de nós do que imaginamos, como uma espécie de “terceira guerra mundial por pedaços” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 25). De toda forma, esta nova guerra é um sintoma da crise civilizacional deste novo milênio.

Em seus apelos para os líderes que têm responsabilidades políticas, o Papa Francisco tem feito um contínuo apelo para fazerem um sério exame de consciência diante de Deus, “que é o Deus da paz e não da guerra, o Pai de todos, não somente de alguém, que nos quer irmãos e não inimigos”.

Na sua encíclica Fratelli Tutti, Francisco recorda o que seus antecessores, Bento XIV e Pio XII, já denunciaram, por ocasião da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, respectivamente: “Toda guerra deixa o mundo pior do que o encontrou. A guerra é um fracasso da política e da humanidade, uma rendição vergonhosa, uma derrota perante as forças do mal” (FT, 261).

Diante desta catástrofe e tantas outras que presenciamos ou vivenciamos, longe ou perto de nós, quase sempre nos sentimos impotentes. O que posso fazer? É a pergunta que espontânea e angustiosamente brota dentro de nós.

Santo Agostinho refletiu em profundidade sobre as guerras de seu tempo e empenhou todas as suas energias, autoridade, inteligência e coração para evitá-las ou superá-las. Em sua visão aquilina, ele dizia: “Não basta ser pacífico, desejar a paz. É necessário ser o que a palavra significa – fazedor da paz. É necessário ter disposição não só para não odiar os inimigos ou ignorá-los, mas também amá-los e compadecer-se deles” (Sermão 357,1).

Em sua aguda psicologia, investigando as profundezas da alma humana, ele também identificou: “Dentro de cada pessoa há uma guerra civil” (Sermão Morin 11,12). Por onde começar a promover a paz? Dentro do próprio coração, onde se travam as batalhas mais ferrenhas. E daí, a promoção da paz vai se estendendo no seio da família, nos ambientes onde vivemos e, assim, por uma poderosa força de expansão, vai tocando outros corações, na cidade, no país, no mundo.

Também o Papa Francisco tem essa percepção, quando ensina: “É necessário reconhecer na própria vida que inclusive aquele juízo duro que tenho no coração contra o meu irmão ou a minha irmã, a ferida não curada, aquele mal não perdoado, o rancor que só me faz mal, é uma parte de guerra que tenho dentro, é um fogo no coração que deve ser apagado a fim de não irromper num incêndio” (FT, 243).

Mas essa guerra dentro do coração, cuja extinção é tarefa de cada dia, com árduos esforços pessoais, só se pode vencer, em primeiro lugar, com o poder da oração. Por isso tem sentido rezar pela paz: pessoal, familiar, nacional e mundial.

Essa oração confiante está ao nosso alcance, diariamente, a cada instante. Ela tem poder de contribuir com a paz interior e exterior. Então, compreenderemos o que Jesus, o Príncipe da Paz, mais de uma vez, disse a seus discípulos: “Não tenham medo! Eu estou com vocês!”

Graça e Paz! A Paz de Cristo para vocês, irmãs e irmãos!

Confira o artigo em vídeo:

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

*Texto publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, em março de 2022.

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