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jun/21

INCONFORMISMO – INDIGNAÇÃO – GRATIDÃO

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Na primeira edição do Inquietude de 2020, refletíamos sobre o impacto inicial da pandemia. Até então, não tínhamos ideia do quão devastadora e duradoura ela seria. Com o passar dos meses, apesar de tudo, alimentávamos a esperança de que seria debelada até o final do ano. Vieram novas ondas. Ainda vivemos tempos de angústia e apreensão. Os números são aterrorizantes: estamos beirando a estarrecedora cifra de 500 mil vítimas no Brasil. Não são apenas números. São pessoas, histórias, sonhos e projetos abortados!

Como não se indignar diante desse quadro, além do que a tragédia já significa, de descaso, irresponsabilidade e incompetência? As coisas poderiam ser radicalmente diferentes se as mais altas autoridades do país tivessem assumido, de fato, a responsabilidade que lhes cabe, em relação ao bem comum, superando interesses pessoais e partidaristas.

Também a vacina, que apareceu como um grande sinal de esperança, tem suscitado apreensões e indignação quando se revelam, pouco a pouco, pela CPI instaurada, os trâmites interesseiros de suas negociações em que, uma vez mais, contam as disputas de poder, os interesses econômicos e o tráfico de influências, mais do que o bem comum da nação, a vida das pessoas.

Santo Agostinho, uma vez mais, nos recorda que, diante de tais descalabros, se alguém perde a capacidade de indignar-se e se conforma com o que está aí, acaba por perder sua condição de ser humano. É necessário resgatar o “princípio da indignação ética”, como condição necessária de aplainar o terreno para a construção de uma nova cidadania, da qual a pessoa de fé não pode se omitir: “Quem quer que considere com tristeza estas desventuras tão grandes, tão horríveis, tão desapiedadas, deve admitir-lhes a infeliz condição; quem, ao contrário, a sofre ou a julga sem tristeza da consciência, muito mais infelizmente se considera feliz porque perdeu o sentimento de humanidade” (A Cidade de Deus, XIX, 7).

No início deste ano, o Prior Geral enviou uma carta, convidando-nos a trabalhar pelo “Tempo da Esperança”, propondo três grandes opções, que devem nortear nosso desenvolvimento humano e espiritual: opção pela vida, opção pela fraternidade e opção pelo risco criativo, para enfrentar todas as situações.

Por isso, uma vez mais quero, com o Salmista, também insistir na Gratidão: a Deus, em primeiro lugar, pelo dom precioso da Vida, e a todos e todas que batalham para que a Vida seja mais forte que os sinais de morte. De maneira especial, gratidão aos profissionais da saúde, cientistas e educadores(as) que, unindo coração e inteligência, continuam a semear esperança, acalentando a perspectiva de que as pessoas boas são ainda a maioria na face da Terra. Por isso, “Como é bom agradecermos ao Senhor!” (Salmo 92,2).

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

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