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02
abr/21

EUCARISTIA É VOCAÇÃO!

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Iniciamos a celebração do Sagrado Tríduo Pascal com a Missa Vespertina da Ceia do Senhor, rezando: “Ó Pai, estamos reunidos para a Santa Ceia, na qual o vosso Filho único, ao entregar-se à morte, deu à sua Igreja um novo e eterno sacrifício, como banquete do seu amor” (Oração da Coleta). O tempo e o modo verbais indicam a grandeza do mistério... estamos! Não é apenas uma recordação... nós, de fato, estamos reunidos para a Santa Ceia. Aquela mesma, realizada há milhares de anos, acontece mais uma vez. E temos nós – que graça! – temos nós a alegria de sentar-mo-nos à mesa do Senhor.

A celebração de hoje evoca três acontecimentos singulares, porém, intimamente ligados entre si: a instituição da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e do mandamento do amor. A iminente proximidade da Paixão, ainda que limite o solene júbilo da noite, ao mesmo tempo, dá-lhe a razão de ser: Eucaristia, sacerdócio e amor tem muito a ver com paixão, cruz, entrega. Assim, nesta noite da Paixão, Eucarística por excelência, gostaria de compartilhar com vocês algumas perguntas... perguntas sacramentais, eu diria.

Narra São João: “Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim...” (Jo 13,1). Não sei se teria jeito melhor de provar seu amor do que oferecendo-se em alimento... Deus se fez alimento por nós, para nós. E não foi uma iguaria gastronômica. Deus se fez e se faz alimento do dia-a-dia, pão e vinho, para que não passemos um só dia sem Dele nos alimentarmos. E aí talvez, muitos podemos nos perguntar: mas como alimentar-se todo dia da Eucaristia neste tempo de pandemia?

De fato, por vezes, nestes tempos, o acesso ao Pão Eucarístico foi bastante limitado. E por isso, vale refletirmos hoje sobre o significado da Eucaristia desde a perspectiva agostiniana. Santo Agostinho, no Sermão 227, ao se dirigir àqueles que haviam sido batizados, recorda sua promessa de lhes explicar o Sacramento da Mesa do Senhor. Vejam que interessante! Santo Agostinho não chama a Eucaristia de Sacramento do Corpo do Senhor, mas de Sacramento da Mesa do Senhor. Estamos sentados à Mesa do Senhor! E diz ainda Agostinho: “Deveis conhecer o que receberam, o que vão receber e o que devem receber diariamente.” Será que conhecemos bem a Eucaristia ao ponto de sentir verdadeira saudades dela? Como nos aproximar de Cristo neste tempo de pandemia?

No Comentário ao Evangelho de São João, Santo Agostinho nos relembra que “a Cristo acorremos não caminhando, senão crendo; não nos acercamos com um movimento do corpo, senão com a decisão do coração” (26,3). Não é tão somente o movimento do corpo que garante o encontro com Cristo, mas a decisão do coração. Quantas vezes estamos, presencialmente, na igreja, no espaço sagrado, mas com o coração longe, distante! Mas também, quantas vezes, mesmo não estando na igreja, o estamos com o coração! Quais têm sido as decisões do nosso coração? Isso é Eucaristia!

Santo Agostinho segue sua reflexão, agora com uma perspectiva que acredito muito nos ajudar neste tempo de pandemia: “Este é, pois, o pão que desce dos céus, para que quem dele comer, não morra. Mas, enquanto ao que se refere à força do sacramento, não enquanto se refere ao sacramento visível: quem o come dentro, não fora; quem o come com o coração, não quem o mastiga com os dentes.” (26,12). Comunga quem come com o coração! “Comer, pois, aquela comida e beber aquela bebida é isto: permanecer em Cristo que permanece em nós.” (26, 18). Temos permanecido em Cristo? Cristo tem permanecido em nós? Como permanecer? Isso é Eucaristia!

Santo Agostinho aponta um caminho, ao que me parece, ser a chave para permanecermos em Cristo: “Os fieis conhecem o corpo de Cristo se não descuidam ser corpo de Cristo” (26,13). Ou ainda, como nos disse nas Confissões: “Eu sou o pão dos fortes: cresce, e de mim te alimentarás. Não me transformarás em ti, como fazes com o alimento do corpo, mas te transformarás em mim.” (VII,10,16). Eucaristia tem a ver com paixão, com cruz, com entrega, com lavar os pés. É, portanto, mais que uma solene celebração ritual. Eucaristia é um modo de ser, é um modo de viver, é uma vocação! Oxalá, nos confirme o Senhor nesta vocação: ser Corpo de Cristo! Eucaristia!  Pão!

Fr. Tailer Douglas Ferreira, OSA

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