As eleições de 2016 estiveram marcadas por dois fatos importantes:
- A operação Lava Jato e o massacre diário do PT na imprensa. O desfecho disso foi o impeachament da Dilma e a demonização do partido no cenário nacional.
- O discurso da Nova Política que abriu caminho para Bolsonaro e seu grupo.
As eleições deste ano estiveram marcadas basicamente pela Pandemia e como os administradores lideram com ela. Foi um voto menos ideológico e mais pragmático. A população reconheceu o esforço dos administradores que enfrentaram a pandemia de forma clara e objetiva e puniu aqueles que a desprezaram. Nesse contexto o discurso de Bolsonaro foi avaliado como irresponsável e desumano e prejudicou os candidatos que ele apoiou. Na avaliação do jornalista Bob Fernandes, Bolsonaro levou uma surra nestas eleições. Dos treze candidatos a prefeitos que ele apoio se elegeram apenas dois e dos quarenta e cinco candidatos a vereadores só se elegeram dez.
O chamado Centrão se deu bem e cresceu. Esse grupo político que engloba vários partidos vive em função de “se aproveitar do Estado” e se posiciona de acordo com seus interesses. Agora dá sustentação ao governo Bolsonaro a troco de cargos e benesses. Nunca a chamada Nova Política foi tão velha e tão fisiológica.
Houve, porém nesta eleição vários fatos novos. Vale a pena estar atentos a eles:
- Foram eleitos o maior número de candidatos indígenas da história do Brasil
- Mais mulheres disputaram as eleições e mais mulheres negras foram eleitas
- Cresceu o número dos candidatos negros e quilombolas eleitos, posicionando-se na luta pela igualdade de direitos
- Surgiram candidaturas coletivas, algo muito interessante na política e que poderá crescer.
- Se elegeram vários candidatos LGBT e Trans o que mostra que a postura moralista do atual governo não vingou.
Na contra mão desses sinais,
- Também cresceu a bancada da bala e do crime organizado.
- Houve milhares de candidatos evangélicos usando e abusando da dimensão religiosa para se eleger defendendo pautas políticas de direita.
- Perderam espaço os Tucanos e o MDB.
- A esquerda ficou mais plural com o crescimento do PCdoB e o PSOL. Isso é positivo.
- O PT manteve os sete milhões de votos da última eleição e continua sendo o partido melhor estruturado no país.
- Cresceu significativamente o PSOL, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro. Se vencer no segundo turno em São Paulo, terá uma vitrine extraordinária para ganhar visibilidade no país inteiro.
É fato que as eleições municipais olham mais para as necessidades concretas e imediatas dos administradores locais. O povo quer ver suas necessidades básicas atendidas: saúde, transporte, educação, segurança e quem administra bem ganha espaço.
De olho em 2022, é urgente que os movimentos sociais e as organizações populares pressionem para que os partidos de esquerda e de centro esquerda se unam para fazer frente ao pesadelo fascista que o país está vivendo. Há sinais promissores nesse sentido.
Frei Paulo Gabriel Blanco, OSA.