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15
dez/22

Deus assume a nossa humanidade

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O fim e o início de um novo ano sempre nos cansa. Sentimos o peso de carregar as expectativas do novo que se aproxima. O calendário muda e as atividades já estão predeterminadas para o futuro. Muitas vezes, esse ciclo nos esbandalha e faz com que tenhamos a sensação de que não daremos conta das novidades do devir.

De verdade, em um olhar mais cristianizado do mundo, essa é uma realidade que não deveria nos exaurir de tal maneira. Ao contrário, a possibilidade da continuidade do ciclo deveria ser para nós uma tecedura de oportunidades para sermos pessoas diferentes de nós mesmos.

É assim que Agostinho enxerga o evento do Natal do Senhor.

“Imagine só a incrível bondade e misericórdia! Ele é o filho único, mas não deseja permanecer só. Para que os humanos nos pudessem nascer de Deus, Ele nasceu de humanos.” (Santo Agostinho in Sermão de São João 2, 13) A bondade de Deus é ativa, a ponto de transformar a sua própria natureza para alcançar a todos. O importante é aprendermos que somos capazes da modificação, não somente dos nossos atos, mas também do que essencialmente somos. Assim, mais próximos das nossas potencialidades, podemos usufruir de processos mais humanos e, consequentemente, mais próximos do próprio projeto de Deus para toda a humanidade.

“Deus permanece Deus; a humanidade é assumida por Deus. Disso resulta uma única pessoa. Em Cristo está Deus, nosso libertador. Nele está o Homem, nosso mediador.” (Sermão de Santo Agostinho 293, 7) Na encarnação de nosso Senhor Jesus, Deus assume a humanidade e o projeto para que ela ganhe a expectativa de mudança que a aproxima da vontade de Deus no mundo. A vivência da fé em Cristo está em nova relação com o sagrado. E isso se encontra expresso na própria ação do homem sobre o mundo.

As relações entre homens e mulheres se transformam em lugares possíveis de novas tecituras que nos ajudam a construir um mundo melhor. Esse exemplo fora vivido primeiro pelos personagens que celebramos nas festas de fim de ano: Maria e José. A partir deles, podemos repensar como as nossas relações podem ganhar outra perspectiva mais solidária com o projeto de Deus. Esse último passa pela capacidade de gerarmos entre nós sentimentos como o amor, a compreensão e a empatia, tão necessários para assumirmos os nossos desafios da vida e os problemas intrínsecos da convivência humana. “Por isso Deus tornou-se homem: como você. Humano, não poderia alcançar Deus, mas pode alcançar outros humanos; você pode, agora, alcançar Deus através de um homem. Deus tornou-se homem para que, enquanto homem, você possa alcançá-Lo, o que, de início, era-lhe impossível.” (Santo Agostinho in Comentário ao Salmo 134, 5)

Vejamos esse tempo como a oportunidade de pensar a nossa humanidade. O quanto podemos nos transformar na presença de Deus em meio às diversas relações interpessoais que temos no mundo. Essa é a mensagem dessa história de Natal: Deus se faz homem, para que o homem assuma a plenitude da sua própria humanidade. E, a partir disso, assuma a sua vida com os seus desafios e suas possibilidades de crescimento ao longo de um novo ciclo que se inicia. Não é momento de parar, avancemos sempre!

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA
freiarthur@ymail.com

- Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, edição de dezembro de 2022.

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