Mais um ano se inicia no calendário civil... Com ele, as pessoas costumam estabelecer metas para este novo ciclo de suas vidas. E muitas dessas metas ficam apenas em blocos de papel ou, no decorrer da caminhada temporal, vão se adaptando e encontrando novo sentido ou objetivo.
Contudo, é importante destacar que muitos estão comprometidos em cumprir aquilo que planejaram para o ano que começa. Entre as tamanhas pautas, o tema da vocação surge, especialmente para aqueles que fizeram uma experiência pessoal com Jesus Cristo e, no caminho do discipulado-missionário, buscam respostas para o sentido da sua existência, através de um discernimento profundo das inquietações vocacionais.
O tema da vocação, por sua natureza, está sempre na ordem do dia das pessoas comprometidas com o projeto de Jesus de Nazaré. Afinal, trata-se da experiência da qual resulta a adesão da fé, com seu desdobramento necessário na missão. Escutar o chamado e respondê-lo positivamente só é possível para quem aderiu ao Mestre e Lhe dá ouvidos.
É necessário, nessa perspectiva, vivenciar um DESPERTAR VOCACIONAL. É preciso despertar-se para a vocação. Pressupõe-se que o abrir-se para esse evento, de forma alguma, corresponde a um fato espontâneo na vida das pessoas, dispensando qualquer esforço. Faz-se necessário tomar consciência da voz de Deus que chama e convoca a se dispor a lhe dar uma resposta.
Para isso, há a necessidade de um empenho pessoal e comunitário. Cada pessoa, em sua particularidade, deve buscar o entusiasmo para responder ao chamado do Mestre. Mas, conforme a nossa tradição, as nossas comunidades necessitam ser espaços de despertar vocacional. Cada celebração, cada encontro, cada relação deve emergir a identificação, a consciência e o encanto com a animação vocacional.
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit, nos faz um alerta frente a essa necessidade eclesial: “[...] A Igreja de Cristo pode sempre cair na tentação de perder o entusiasmo, porque deixa de escutar o apelo do Senhor ao risco da fé, a dar tudo sem medir os perigos, e volta a procurar falsas seguranças mundanas” (ChV, 37). E o Papa insiste que, para auxiliar cada jovem a vivenciar o seu despertar vocacional, “[...] necessitamos de projetos que os fortaleçam, os acompanhem e os impulsionem ao encontro dos outros, ao serviço generoso, à missão” (ChV, 30).
Necessitamos tomar consciência da voz do Mestre que nos chama, que nos ama e nos convoca a uma resposta que nos comprometa a um estilo de vida marcado pelo serviço desinteressado ao próximo em suas necessidades; pelo empenho na construção de um mundo fraterno e solidário; pela luta pela justiça e direitos humanos; pela valorização do humanismo cristão e pelo cuidado com a casa comum e a sua sustentabilidade.
Caminhemos, neste novo ano, em busca de responder ao chamado que o Senhor faz a cada um de nós. No específico de nossas vocações, possamos ser peregrinos que buscam, caminhando com os irmãos e irmãs, crescer na fé, na esperança e na caridade. Dessa maneira, mantemos viva a inquietude de nossos corações e também auxiliaremos a tantos e tantas a viverem o despertar de suas vocações, com nosso testemunho de vida e vocação.
Frei Caio Pereira, OSA
Promotor Vocacional
Coordenador do Secretariado de Animação Vocacional e Juvenil
Artigo publicado na coluna Pro-vocação, do Jornal Inquietude On-line, edição de janeiro de 2025.
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