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out/22

De programas a paradigma: a urgente conversão da consciência missionária

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Desde 1972, por ocasião da celebração dos quarenta anos da instituição do Dia Mundial das Missões (1926), a Igreja no Brasil vivencia o mês de outubro como “mês missionário”. O objetivo dessa iniciativa é despertar, em medida maior, a consciência da missão como essência e natureza da Igreja, conforme lembra o Concílio Vaticano II, no Decreto Ad Gentes: “a Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo” (AG, n.2).

 Por muito tempo a consciência e a disponibilidade missionária restringiram-se ao clero e aos religiosos e religiosas que, por força da própria consagração, se dispunham a ‘evangelizar’ em outras regiões e países. O imaginário missionário dos que ficavam se confundia com a programação de atividades pontuais como Santas Missões Populares, atividades missionárias em datas importantes do calendário litúrgico, visitas às comunidades etc.

Seguindo essa lógica, a Igreja fazia missões, mas não se assumia missionária. Em outras palavras, a missão se confundia com programas e atividades, mas não era “o jeito de ser da Igreja”, não era seu paradigma. A mudança dessa consciência, portanto, se impõe em vista da urgente conversão que a Igreja precisa viver. Nessa perspectiva, lembra-nos o Papa Francisco, todos os batizados devemos assumir, com maior responsabilidade e coragem criativa, o desafio que a missão hoje nos impõe: “tornar-se o paradigma e a forma da vida ordinária da Igreja e de toda a sua atividade pastoral”.

Por melhores que sejam os programas e atividades, a missão não pode se resumir a eles. Deve tornar-se, como disse o Papa, o paradigma e forma ordinária da Igreja. Isso supõe converter o que entendemos por missão e por ser missionário. Ora, ser discípulo missionário está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco lembra que “a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou ornamento a ser posto de lado. É algo que não posso arrancar do meu coração” (EG, n. 27).

A Igreja, então, ou é missionária ou não é. Esse é o seu paradigma. Essa é a sua essência e natureza. Seja na pastoral ordinária, nas paróquias e comunidades eclesiais, seja nas obras educacionais ou de assistência, seja no serviço aos pobres e excluídos, seja onde for, a Igreja é missão porque existe exatamente para isso: ser sacramento do Reino testemunhando o Evangelho de Cristo. Podem faltar ou falhar os programas; não pode faltar, porém, essa consciência de que a Igreja é missão. Se estivermos convencidos disso, naturalmente, nossa vida cristã e nossa presença no mundo ganharão novo dinamismo, nova abertura e disposição.

Fr. Jeferson Felipe Gomes da Silva Cruz, OSA
Secretário Provincial

- Artigo publicado na coluna Theos, do Jornal Inquietude On-line, edição de outubro de 2022.

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