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04
jul/24

Corações inquietos: nossa vida e vocação!

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Nos dois primeiros finais de semana de julho, aconteceu o Encontro Vocacional Agostiniano Regional (EVAR) nas cidades de Fortaleza/CE e Belo Horizonte/MG, respectivamente. Jovens das cinco regiões do país se reuniram para vivenciar a beleza do carisma agostiniano, enriquecendo o seu processo de discernimento que acontece no itinerário vocacional. A temática central do encontro nas duas capitais foi a inquietude de nosso coração, que nos leva à busca de sentido, respostas ao chamado que ressoa em nós.

Reconhecer a inquietude de coração é estar disposto a caminhar rumo ao interior, onde o Mestre habita e, desde a nossa existência, aflorar a nossa sensibilidade para o chamado vocacional. Toda vocação é uma resposta a um chamado, que é evidente desde a nossa história pessoal, desde a nossa realidade, reconhecendo as marcas de Deus em nossa vida. Para isso, é necessário, desde a inquietude de coração, evangelizar a nossa sensibilidade para que consigamos responder, com sentido, aos apelos do Senhor.

O Documento de Aparecida (DAp n. 443) lembra que os jovens são sensíveis a descobrir sua vocação, a ser amigos e discípulos de Cristo. São chamados a ser “sentinelas do amanhã”, comprometendo-se na renovação do mundo à luz do Plano de Deus. Por isso, “não temem o sacrifício nem a entrega da própria vida, mas sim uma vida sem sentido”.

Responder à própria vocação é construir, desde a sua história pessoal, um itinerário que edifique uma vida com sentido, com razões pelas quais queremos viver e corresponder ao chamado vocacional. Para isso, é preciso responder desde o interior, desde o coração. Santo Agostinho, comentando o salmo 125, já postulou: “O homem não pode fazer exteriormente coisa alguma que não tenha dito interiormente” (Santo Agostinho, Comentário aos Salmos 125, 8).

A interioridade, tema tão caro para a nossa espiritualidade agostiniana, é uma companheira no processo de discernimento vocacional. Trata-se de um certo espaço ou dimensão do ser próprio de cada indivíduo que, expresso em palavras e gestos exteriores, está para além de um mundo privado. É o local onde habita a verdade de si e, em última instância, a Verdade eterna que é Deus. Para esse local, o ser humano é chamado sempre a retornar: “Não saias fora, volta a ti mesmo, no homem interior habita a verdade.” (Santo Agostinho, A Verdadeira Religião 39,72).

Nessa viagem que é o itinerário vocacional, há que se reorientar, constantemente, a busca, garantindo o movimento do exterior para o interior, e do interior para o alto. A resposta que cada um dá ao seu processo, ao seu chamado, deve ser integral, com Verdade, desde a sua existência, brotando do interior de seu coração. Como foi para Santo Agostinho, é um caminho – pessoal e comunitário – de contínuas conversões, marcado pelo estudo, pela oração e pelo silêncio.

Caminhemos, em nosso itinerário vocacional, buscando ao Mestre Interior desde a realidade de nosso coração, sabendo que Ele nos auxiliará, à medida que vamos mergulhando – junto com Ele – nos mares da inquietude vocacional.

Frei Caio Pereira, OSA
Promotor Vocacional

Artigo publicado na coluna Pro-vocação, do Jornal Inquietude On-line, edição de julho de 2024.

REFERÊNCIAS:
DOCUMENTO DE APARECIDA, Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, 13-31 de maio de 2007, 2ª edição, CNBB, São Paulo, Paulinas, Paulus, 2007.

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