Ainda imersos em alegria pascal estamos, pouco a pouco, percorrendo o itinerário litúrgico-catequético deste tempo. É bonito ir perceber como, a cada domingo os discípulos, e nós, sendo desafiados a experimentar a Ressurreição de Jesus e a testemunhá-la. O Tempo Pascal nos convida a observarmos os diversos títulos que podemos atribuir ao Cristo Ressuscitado. Isto, não para apenar reconhecer sua grandeza, mas também para que possamos cada vez mais nos aproximarmos dele.
Precisamente, no quarto domingo do Tempo da Páscoa, somos convidados a voltar olhar para o Cristo, Bom Pastor. O Senhor, conhece cada uma das suas ovelhas, chama-lhes pelo nome, dá a vida por elas. Na figura do Bom Pastor, somos chamamos a contemplar o Ressuscitado que se faz presente através dos nossos pastores (padres, bispos e o Papa). Não à toa, nesse domingo, chamado do Bom Pastor, se celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações.
Tradicionalmente, para esse dia, o Papa envia uma mensagem sempre muito inspiradora. Neste ano, Francisco nos presenteou com uma mensagem para este 61º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, convidando-nos a anunciar que somos “Chamados a semear a esperança e a construir a paz”. O Santo Padre nos convida a visualizar que este dia é uma oportunidade para reconhecer e agradecer o compromisso daqueles que vivem suas vocações dedicando suas vidas ao serviço dos outros. Isso inclui mães e pais que cuidam de suas famílias com amor e gratuidade, trabalhadores que se dedicam ao bem comum e as pessoas consagradas e os sacerdotes que oferecem suas vidas a Deus. Em seguida, Francisco se dirige especialmente aos jovens que se sentem distantes ou olham a Igreja com desconfiança:
“Deixai-vos fascinar por Jesus, dirigi-Lhe as vossas perguntas importantes, através das páginas do Evangelho, deixai-vos desinquietar pela sua presença que sempre nos coloca, de forma proveitosa, em crise. Ele respeita mais do que ninguém a nossa liberdade, não Se impõe mas propõe-Se: dai-Lhe espaço e encontrareis a vossa felicidade no seu seguimento e, se vo-la pedir, na entrega total a Ele.”
Francisco nos explica o porque somos chamados, desde nossas realidades, a sermos peregrinos da esperança e construtores da paz. Para ele:
“Ser peregrinos de esperança e construtores de paz significa fundar a própria existência sobre a rocha da ressurreição de Cristo, sabendo que todos os nossos compromissos, na vocação que abraçamos e levamos por diante, não caem no vazio. Apesar dos fracassos e retrocessos, o bem que semeamos cresce de modo silencioso e nada pode separar-nos da meta última: o encontro com Cristo e a alegria de viver na fraternidade entre nós por toda a eternidade.”
Para viver nossa vocação é necessário escutar a voz do mestre, fundar a própria existência na rocha da ressureição – como nos afirma o Papa Francisco – e assim compartilharmos, com alegria, o seguimento de Jesus. Isto implica uma ação concreta em nosso meio, desde a nossa vida, comprometendo-nos com a esperança e a paz.
No caminho do discernimento vocacional essa escuta é fundamental. Dela brotará a nossa resposta Àquele que nos chama pelo nome, como afirma o Documento de Aparecida: “A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão a toda a sua pessoa ao saber que Cristo o chama pelo nome (cf. Jo 10,3).” (Documento de Aparecida 136)
E a escuta deste chamado deve nos motivar a busca pela convivência e a partilha dos valores do Reino, anunciado por Jesus Cristo, movendo-nos a uma cultura que valorize a PAZ, alimentando nossas relações com a semente da ESPERANÇA. Sigamos, sabendo em quem depositamos a nossa esperança, o Ressuscitado, que nos convida a caminharmos na fraternidade, na sororidade e na disponibilidade em servir a todos, com o ardente desejo no coração de viver plenamente a nossa vocação.
Frei Caio Pereira, OSA
Promotor Vocacional
Artigo publicado na coluna Pro-vocação, do Jornal Inquietude On-line, edição de abril/maio de 2024.