O quanto você se conhece? Muito? Pouco? A maior parte das pessoas acredita que se conhece, mas na verdade se conhece muito pouco. Você ama alguém, confia em alguém que pouco conhece? Geralmente amamos e confiamos apenas em quem conhecemos muito! E, se você não se conhece, como quer acreditar mais em sua própria capacidade? Como quer ir em busca de seus sonhos se não acredita ser capaz? E por que não acredita ser capaz? Porque não sabe quem você é.
Por isso, o autoconhecimento é fundamental para desenvolver o amor por si mesmo e fortalecer a autoestima. Assim, é possível sair de si e ir em direção ao outro. A adolescência e a juventude são fases do desenvolvimento humano em que estamos construindo fortemente nossa identidade. Assim, autoconhecimento nessa etapa da vida é um caminho necessário que todos precisamos percorrer. Mais cedo para alguns ou mais tarde para outros.
É muito difícil alguém se conhecer interiormente quando a busca está sempre no exterior. Buscam cuidar da pele, mudar o corte do cabelo, comprar roupas, carros, eliminar alguns quilinhos, mas quase sempre esquecem que o caminho deve ser o contrário, de dentro para fora. Isso é um risco em que os adolescentes e jovens podem viver. Não é difícil encontrar jovens perdidos por preocupações superficiais. A roupa da moda… o celular de última geração, o corte de cabelo sempre diferente, mas igual… a espinha que nasceu no fim de semana… a banda ou a última música da cantora preferida… Não que isso seja ruim ou negativo, a questão é quando essas preocupações tornam-se o centro da vida.
Quando uma pessoa está bem com ela mesma, você percebe isso não pela roupa que está usando, ou o carro que está dirigindo, mas pelo brilho em seu olhar, o sorriso em seu rosto, a paz em seu “espírito”. Como alguém que dorme mal toda noite pode sentir paz? Como alguém que está constantemente se criticando, se culpando, se achando errado pode se amar? Amar-se é condição básica para elevar a autoestima. Amar-se é condição indispensável para estar disponível ao outro. É importante identificar os fatores que o estão impedindo de elevar sua autoestima.
Podemos perceber que a autoestima está baixa quando desenvolvemos algumas características como: insegurança, inadequação, perfeccionismo, dúvidas constantes, incerteza do que se é, sentimento vago de não ser capaz, de não conseguir realizar nada, não se permitindo errar e com muita necessidade de agradar, ser aprovado, reconhecido pelo que faz e nem sempre pelo que é.
Muitas vezes nossas ações são incoerentes com o nosso querer e o nosso pensar, somos constantemente influenciados pelos amigos, família, mídia e lutamos para seguir e nos encaixarmos em padrões previamente estabelecidos que não satisfazem as nossas necessidades.
Quanto mais nos conhecemos, mais fácil fica reconhecer nossas necessidades e buscar maneiras saudáveis de satisfazê-las, respeitando também as necessidades das pessoas que fazem parte do nosso campo de relações.
Quando seguimos alguém nas redes sociais, somos notificados de suas ações e podemos curtir ou comentar e participar da vida dessa pessoa, interagindo com ela ou simplesmente assistindo sem nos envolver. O seguimento de Jesus exige mais que uma curtida ou um comentário, é preciso envolver-se e repetir suas ações. Fazer como Ele fez. Nesse sentido, precisamos nos conhecer e conhecer Jesus. Quanto mais me identifico, mais posso segui-Lo e amá-Lo.
Jesus rompeu os padrões de sua época. Seu discurso era coerente com suas ações e isso o tornava livre e feliz, mesmo sendo pobre e vivendo em um contexto de exploração e corrupção. Comia com pecadores, curava pessoas no sábado, não fazia jejum... Era uma liberdade que o fazia ir além do mero formalismo de cumprir a lei pela lei. Porém, amava. Amou até o fim e foi fiel aos seus projetos até a morte. Fez escolhas e assumiu as consequências com maturidade, sendo coerente com tudo o que havia pregado.
Como escreveu Renato Russo: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã porque, se você parar pra pensar, na verdade não há”. Nosso tempo é este e nossa hora é agora. Este tempo em que vivemos é um excelente momento para nos questionarmos sobre “a coerência de minhas escolhas e da minha forma de seguir a Jesus”.
Para refletir:
Quais elementos me fazem conhecer mais a mim mesmo?
Por que o autoconhecimento é importante para o Seguimento de Jesus?
Quais passos posso dar para me parecer mais com Jesus?
Dica de filmes sobre o tema:
O curioso caso de Benjamin Button
Boy Hood – da infância à adolescência
* Artigo de Carlos Eduardo Cardozo (Cadu) e Najane Guimarães Barreto
* Publicação: coluna Pró-Vocações - Jornal Inquietude On-line, de setembro de 2021
CONTATO