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mar/22

Assumindo responsabilidades como serviço a Deus e aos irmãos

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Ao longo da nossa caminhada pelo mundo, assumimos diversas responsabilidades sociais. Essas funções sociais nos ajudam a nos desenvolvermos como seres humanos e trazem a maturidade necessária para realização do projeto de Deus no meio da humanidade.

Faz-se importante compreender que as responsabilidades que assumimos ao longo da vida se transformam, também, em oportunidades para fazermos a experiência do serviço ao próximo. De maneira especial, aos mais necessitados da nossa história.

Santo Agostinho pode conduzir a nossa reflexão por esse caminho. Ao falar sobre as responsabilidades assumidas dentro das comunidades eclesiais, os indivíduos devem ter em mente, que a sua atitude deve estar pautada no desejo de servir e de atender às necessidades daqueles que estão sob o olhar da sua governança. “O bom superior não dá ordens pelo afã do poder, mas por espírito de serviço àqueles de quem cuida.” (Santo Agostinho in A Cidade de Deus, 19, 14). Assim, a liderança se exerce no espírito de fraternidade, ou seja, prontifica-se a olhar as necessidades existentes no ambiente relacional. O líder se dispõe a contribuir para que as ações de liderança atendam às demandas do grupo, e não somente às das individualidades presentes entre os seus integrantes.

Nessa perspectiva, a abertura daqueles que se colocam como dirigentes das atividades sociais se apresenta como exercício do desprendimento de si mesmo, em função de uma alteridade vital que possibilita a vivência da nossa identidade pessoal que, por conseguinte, é legitimada no interior do próprio grupo social. Como nos recorda Agostinho em outro texto: “Ocupar uma função de liderança não significa estar acima dos outros; significa, sim, ir na frente.” (Sermão 340, 2).

Como cristãos católicos, devemos levar essa reflexão para uma dimensão espiritual. O exercício da liderança nas relações sociais é alimentado pela nossa oportunidade de convivermos uns com os outros no espírito de fraternidade deixado por Jesus Cristo a seus discípulos. Assim, a oração passa a ser um canal frutífero para o discernimento necessário para as decisões que devem ser tomadas pelo líder em relação ao seu grupo.

“Para ser um bom superior, é necessário ser um bom orante.” (Santo Agostinho in A Doutrina Cristã 4, 15, 32.) Decerto, na oração, aquele que exerce a função de governança se entrega à ação do espírito de Deus, de forma a entregar as suas melhores intenções sobre as relações estabelecidas no interior dos grupos sociais. Dessa maneira, através da oração, as decisões do líder auxiliarão o desenvolvimento dos sujeitos em uma determinada ação coletiva. 

Quiçá, a oração deva ser o ponto de partida para todos aqueles que querem exercer a liderança como serviço ao próximo. A partir de um espírito orante, o sujeito que assume responsabilidades em um grupo se abre à possibilidade de encarnar a vontade de Deus em suas atitudes de serviço e de escuta aos irmãos. As nossas práticas diante dos homens são grandes oportunidades de mostrarmos a ação de Deus, seja no mundo, seja nas relações interpessoais.

O exercício da liderança se transforma em um processo de evangelização da cultura à medida que, na oração, a escuta da palavra de Deus e a sua prática na vivência com os irmãos promove uma cultura do encontro que suscita espaços de justiça e de promoção humana. Pensemos sobre essas oportunidades que se apresentam para cada um de nós.

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA
freiarthur@ymail.com

*Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, em março de 2022.

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