Fale com o animador vocacional

Artigos

02
ago/23

A vontade necessária para uma conversão contínua

Imagem
Imagem

As motivações de nossa vida devem estar sempre pautadas na possibilidade de uma conversão constante. A própria realidade nos pede mudanças diariamente. E, por isso, nós devemos buscar olhar para a nossa realidade para ver de que forma podemos ser cada vez melhores em nosso cotidiano.

Contudo, toda mudança passa por uma força de vontade própria para fazermos as coisas andarem em nossas vidas. A vontade se sermos melhores, para nós mesmos e para o próximo, transforma-se na possibilidade de sermos felizes e, consequentemente, criarmos um ambiente favorável também para a conversão dos que se encontram mais próximos de cada um de nós.

Santo Agostinho nos recorda que a nossa motivação (lê-se: desejo) de conversão deve estar posta na palavra de Deus, que nos indica os melhores caminhos que podemos tomar para continuarmos a nossa caminhada. De fato, a busca pela verdade, em Deus, nos leva a essa conversão. Para Agostinho de Hipona, “quando a vontade, abandonando o que é superior, converte-se às coisas inferiores, torna-se má. Não por ser mau o objeto a que se converte, mas por ser má a própria conversão [...], ela que é sua própria causa, por ter apetecido mal o ser inferior” (Cidade de Deus, XII, 6,1).

Partindo dessa reflexão, conclui-se que a maldade não está nas coisas em si, mas, sim, em cada um de nós que, possuidores de razão e consciência, tomamos nossas decisões ordinárias sem levarmos em consideração a vontade de Deus para nós. Ao voltarmos o olhar a sua Boa-Nova, devemos fazer reflexões importantes que nos ajudem a colocar a nossa vontade em busca das realidades superiores, ou seja, do desejo de Deus para nossas vidas.

A vontade é uma faca de dois gumes: ou alcançamos a graça de Deus ou nos desviamos do caminho de conversão diária. Como escrevia o santo de Hipona, “é verdade que a vontade depravada basta para tornar alguém infeliz, mas torna-se pior ainda pela possibilidade de executar os desejos arquitetados por sua vontade corrompida” (Santo Agostinho in A Trindade, XIII, 5, 8).

Portanto, devemos estar atentos! As motivações que brotam de nossos corações devem ser ordenadas a partir da vontade que vem de Deus. Para isso, é necessário que a nossa motivação busque, interiormente, a compreensão sobre quem somos, qual a nossa condição de seres limitados e como superamos a nossa própria história pessoal. Assim, ao buscarmos ordenar os nossos desejos e vontades, somos pessoas livres ante Deus e os irmãos.

“As coisas que não estão no próprio lugar agitam-se, mas quando o encontram, ordenam-se e repousam. O meu amor é o meu peso. Para qualquer parte que vá, é ele quem me leva.” (Confissões de Santo Agostinho VIII, 9, 10)

A vontade de conversão precede qualquer ação concreta de mudança dos desejos humanos. A ordenação das prioridades pessoais – e espirituais – deve proporcionar às pessoas a busca por um olhar mais humano sobre as realidades cotidianas e uma vida mais justa e fraterna.

Quiçá, essa seja a proposta de um trajeto comum a ser traçado por cada um daqueles que são chamados por Deus a uma conversão radical e verdadeira. Assim, a conversão se transforma no espaço concreto do exercício do amor que nos leva a toda parte; que nos ajuda a focar o nosso desejo em Deus; e que nos converte em pessoas mais solidárias e fraternas no mundo contemporâneo.

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA

- Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, edição de julho de 2023.

+ Mapa do Site

Política de Privacidade
Cúria Provincial Agostiniana Rua Mato Grosso, 936, Santo Agostinho Belo Horizonte - MG, 30190-085 +55 (31) 2125-6879 comunicacao@agostinianos.org.br

Fique por dentro de tudo o que acontece na Província. Cadastre seu e-mail para receber nossa Newsletter.