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mai/22

A perda desesperadora de si

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É perceptível nos dias atuais a presença de pessoas que ostentam levar uma vida que não condiz com a sua realidade. É possível encontrar diversos seres humanos que demonstram ser algo que não são. Existem milhares de fotos felizes de pessoas tristes.  Há inúmeras declarações de bem-estar de homens e mulheres que estão prestes a desistir de tudo. Existe muita fragilidade existencial escondida atrás de boa aparência.  É diante dessa realidade que se pode refletir concretamente o que Kierkegaard chamou de “a enfermidade mortal”.

Nascido em Copenhague, em 5 de maio de 1813, Søren Aabye Kierkegaard era filho de Michael Pedersen Kierkegaard (1756-1838) e Anne Sørensdatter Lund (1768-1834). Kierkegaard foi um grande pensador existencialista que se preocupava em refletir sobre assuntos como a subjetividade, a experiência de fé e a caminhada do Indivíduo em busca da sua existência autêntica. É nessa preocupação de assumir a própria existência que Kierkegaard se depara com o desespero humano. Para o filósofo, o homem é uma mistura de duas coisas relacionais, como por exemplo, o corpo e a alma; o infinito e o finito; o eterno e o passageiro; a necessidade e a liberdade. O desespero surge na má relação desses termos relacionais.

Como já foi constatado, na sociedade contemporânea existem muitas pessoas que demonstram ser algo que não corresponde com a sua realidade. Sob uma perspectiva kierkegaardiana, essas pessoas que não querem ser a si mesmas sofrem dessa enfermidade chamada desespero. E o resultado dessa enfermidade mortal desemboca em uma vida estagnada, sem avanços, felicidades, vitórias, conquistas e, principalmente, uma vida sem fé. E é exatamente por isso que Kierkegaard chama o desespero de enfermidade mortal, pois sem matar a pessoa fisicamente, vai matando-a sem a levar à morte. Na concepção desse filósofo dinamarquês, não existe mal maior do que uma pessoa que não assume a sua própria existência.

Contudo, existe uma solução para o desespero. O remédio para esse mal é justamente a busca de tornar-se a si próprio. E a melhor maneira de fazer esse movimento de tornar-se a si mesmo é mergulhando no mais profundo de si. Lugar onde existe transparência, sinceridade e verdade. Lugar onde habita o Criador da criatura. Seguindo uma perspectiva agostiniana, Kierkegaard entende que o encontro consigo próprio no mais profundo do ser é também momento de encontro com Deus. Por isso a solução do desespero passa pela experiência de fé. É no espaço mais profundo de cada pessoa, lugar onde habita a Verdade, que se pode viver essa autêntica experiência de si próprio. Lugar onde o desespero é dissipado. E assim, após essa experiência, o Indivíduo começa a assumir a sua própria existência.

Johnata Alves Fonseca de Carvalho
Formando Agostiniano da Província Nossa Senhora da Consolação do Brasil, bacharelando em Filosofia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino - ISTA.

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