Estamos no mundo para continuar a obra de Deus na humanidade. Todos somos chamados a essa missão. Contudo, somos pessoas limitadas e temos que reconhecer que dependemos da graça divina tanto para organizar a nossa vida quanto para buscar o que é justo para a sociedade.
O reconhecimento das nossas limitações não deve condicionar a nossa prática de justiça e solidariedade entre os homens. A nossa humanidade é a marca de que podemos nos transformar numa grande oportunidade de mostrarmos a grandeza de Deus: deixando-nos guiar pelos seus valores e construindo uma vida de retidão junto aos irmãos.
“Saiba que você é humano. Saiba que é um pecador. Saiba que é Deus quem liberta você do orgulho. Deixe que a confissão revele a mácula que há em seu coração e você fará parte do rebanho de Cristo.” (Sermão 137, 4 de Santo Agostinho)
A confissão do que nos limita nos abre a ação de Deus. Ao mesmo tempo nos congrega no grupo daqueles que são conduzidos, em suas ações, pelo próprio Cristo. Ele é o pastor. Fazer parte do nosso rebanho é uma escolha do fiel que, ao ouvir a sua palavra, se põe disposto para praticar os valores encarnados em suas relações pessoais.
“Guiados pela fé, faremos boas obras. Dediquemos às causas de Deus um amor íntegro e ao próximo, um amor vigoroso.” (Santo Agostinho in Sermão 41,9)
Através da fé que nutrimos pelo Cristo, o nosso mestre e pastor, ampliamos a nossa ação no mundo. De seres limitados e pecadores, ganhamos a força do espírito que nos conduz pelo caminho da justiça e da retidão. A confissão de nossos pecados e dos nossos erros nos abre as portas para nos transformarmos em pessoas melhores. E passamos a nos oferecer como expressão da ação de Deus na vida de nossos irmãos em meio a nossa sociedade contemporânea.
O que mais podemos oferecer a Deus senão sermos seu templo? O que de mais aprazível podemos oferecer a Ele é dizer-Lhe: Possua-nos.” (Santo Agostinho in Comentário do Salmo 131,3)
Esse é o nosso desejo: sermos lugar da manifestação de Deus no mundo. Ao abrirmos o nosso coração a Deus, deixamos Deus possuir-nos para que façamos as melhores escolhas no mundo. Talvez os desafios devam ser encarados a partir dessa realidade: ao nos transformarmos em templos da graça de Deus, operamos com as nossas obras o amor de forma íntegra, justa e fraterna. Isso nos direciona à pertença do grande grupo daqueles que são conduzidos por Deus a uma realidade melhor e maior em prol da humanidade. Essa se constitui a nossa missão: sermos templo, rebanho e expressão do amor de Deus no mundo. Coragem e sigamos juntos, sempre!
*Texto publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, em outubro de 2021.
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