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nov/23

A fé é o exercício da vida presente

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Ao chegarmos ao final do ano, muitas coisas nos parecem enfadonhas. De fato, facilmente nos cansamos com o caminho trilhado. Muitas das nossas atividades cotidianas promovem certa fadiga – mental, física e espiritual – que nos leva a certa frustração diante de propósitos que não alcançamos ao longo da nossa vida.

Contudo, não devemos nos desesperar – ou desanimar – diante daquilo que ainda temos que percorrer. Agostinho de Hipona sabe muito bem disso quando nos diz “Que nada do passado nos impeça de escutar o presente, e nada do presente, em pensar no futuro. Movamo-nos com decisão ao que nos espera.” (Comentário ao Salmo 66,10). A decisão é permanecer caminhando e realizando o melhor que podemos fazer de nós mesmos. As coisas do passado que não foram alcançadas não devem nos desesperar. Da mesma forma, a realidade do presente não deve nos distrair do nosso propósito maior: sermos pessoas cada vez melhores de acordo com as nossas habilidades e aptidões.

Assim, este é o momento em que nos deparamos com a nossa realidade enquanto cristãos: Como sermos pessoas melhores? Talvez a fé em Deus e na humanidade seja uma das nossas respostas mais seguras.

Santo Agostinho nos recorda em seus escritos que “Tua fé é tua justiça, porque, se crês, evitas os pecados; se os evitas, praticas boas obras. Deus conhece tuas intenções, esquadrinha tua vontade, pesa a tua luta contra a carne, te exorta a lutar, te ajuda a vencer, contempla o lutador, levanta o caído e coroa o vencedor.” (Comentário a Salmo 32, 2, 4). Veja a quantidade de ações que a fé nos proporciona em nossa caminhada: conhecer, esquadrinhar, pesar, lutar, exortar, ajudar contemplar, levantar e coroar. Esses verbos se concretizam em nossas vidas se sobrepujamos o nosso cansaço na vida e nos revestimos da Graça oferecida por Deus a todos nós.

Somos humanos. Essa é a nossa alegria e o nosso peso. Mas também somos cristãos. E, por isso, somos portadores de uma força maior que deve prevalecer a todo o cenário de cansaço e desânimo que possa nos paralisar. Prepara o teu pote para ir à fonte da Graça. O que significa preparar? Aumentar a fé, fortalecer a fé e robustecer a fé.” (Sermão de Santo Agostinho 2,6). A fé é o princípio do fim de todo o desânimo provocado pelos acontecimentos da vida. Crescer na fé não é ver os problemas resolvidos, mas ter a certeza de que não pereceremos por causa deles ao longo da caminhada. Ao contrário, o exercício da fé garante a sobrevida necessária para resgatarmos a nossa história e sermos pessoas mais maduras diante das adversidades do cotidiano.

A fé é um exercício da vida presente. Ficar preso ao passado e seus percalços nos paralisa de tal forma que não avançamos. E essa paralisia é uma das fontes de nosso sofrimento, assim como do aumento das nossas angústias existenciais. Independente do período do ano em que nos encontramos, devemos aproveitar o tempo presente para alimentarmos a nossa fé na vida e na nossa potência como seres humanos, assim como, em Deus que é a origem, a fonte e o fim de todas as coisas. Como Santo Agostinho conclui em uma de suas reflexões: “Não haverá jamais um amanhã a não ser que exista um hoje.” (Sermão 20, 4). Que o nosso presente supere toda a angústia e frustração através da fé em Deus que existe dentro dos nossos corações.

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA

- Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, edição de outubro de 2023.

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