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04
ago/21

A empatia e a flexibilidade como norte educativo

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Estamos na segunda metade do ano. E, como em todos os momentos de nossas vidas, devemos repensar as nossas ações para alcançarmos experiências cada vez mais profundas e significativas em nossas vidas.

Uma das dimensões da vida agostiniana é a educação. Ao entender a educação como um fato cultural, dedicamo-nos aos processos cognitivos para além dos processos de escolarização. Desejamos viver algo maior e mais amplo: encantando-nos e aprendendo com a vida que a realidade pode ser uma oportunidade de manifestação de Deus na humanidade.

O bispo de Hipona, em sua inquietude, sempre buscou a realização desses processos em sua vida pessoal e comunitária. O contato com as necessidades humanas era motivação para a aprendizagem, principalmente, da vontade de Deus em sua vida. A chance de realização pessoal foi o grande motor que fez com que os homens e mulheres de seu tempo pudessem se reencontrar, consigo mesmos e com Deus.

Um dos temas aprofundados por Agostinho de Hipona em seu livro A Instrução aos Catecúmenos (escrito por volta do ano 400) foi a capacidade do ser humano para a construção de relações humanas mais flexíveis. Principalmente, essa flexibilidade é exigida no ato de educar por aqueles que se dedicam a esse processo extremamente humano, e, ao mesmo tempo, profundamente divino, para este santo homem.

Ora se realmente nos desagrada repetir muitas vezes estórias comuns e próprias para crianças, adaptemo-las aos nossos ouvintes com amor fraterno, paterno e materno e, unidos a eles pelo coração, também a nós nos parecerão novas. Tão poderoso é o sentimento da simpatia que, no momento em que eles são impressionados por nós – que falamos, e nós por eles – que aprendem, habitamos uns nos outros. Assim, tanto eles como que dizem em nós o que ouvem, como nós, de certo modo, aprendemos neles o que ensinamos.” (Santo Agostinho in A Instrução aos Catecúmenos 12, 17,77)

Agostinho nos indica que ao sermos pessoas flexíveis nas relações socioeducativas podemos ser mais empáticos uns com os outros, entendendo que as necessidades dos outros não são exatamente as nossas, pois cada um de nós tem processos de desenvolvimento humano diferenciados. Na verdade, o desafio é transformar os nossos espaços de convivência em lugares de hospitalidade. Os resultados dos processos educacionais são expostos nas relações de proximidade que estabelecemos ao longo de nossas vidas.

Contudo, Agostinho reconhece que fica difícil exercermos os nossos trabalhos educacionais se não criarmos entre nós esse espaço de proximidade entre os envolvidos nos processos educativos cotidianos. “É realmente difícil continuar falando até o fim proposto, quando não vemos comover-se pelo ouvinte.” (Santo Agostinho in A Instrução aos Catecúmenos 13, 18, 80)

Deixemo-nos ser afetados por esse espírito de proximidade e empatia tão necessário nas relações humanas. A igreja entende esse espírito como essencial na contemporaneidade e, encontra-se desenhado em diversos textos eclesiásticos, como na Encíclica Social Fratelli Tutti, do Papa Francisco, de outubro de 2020. Através de Santo Agostinho temos a certeza de que o processo de flexibilização nas relações socioeducativas é um dos caminhos mais favoráveis àqueles que se dedicam aos processos educacionais. E traz a garantia de que “Deus ama a quem dá com alegria.” (cf. Santo Agostinho in A Instrução aos Catecúmenos 10, 14, 60). Que esse seja o nosso norte.

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA
freiarthur@ymail.com

* Publicação: coluna Fala Agostinho do Jornal Inquietude On-line, de agosto de 2021

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