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30
set/22

A contribuição da Pastoral Vocacional para a compreensão da crise e a renovação da paróquia

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Em um mundo em mudança e tendo em conta as novas exigências e possibilidades que oferece o futuro, também a paróquia tem que passar para um novo modo de entender e exercer o seu próprio serviço. Mudar, pensando em uma transformação geral de prospectiva, implica deixar algo (normalmente bem definido) por outra coisa (comumente não bem definida). Talvez a Pastoral Vocacional assuma outra atitude, uma atitude mais positiva e propositiva: ofereça mais do que pede, e ofereça à instituição paróquia algo de importante, indique-lhe uma possibilidade, uma atenção que poderia contribuir para a renovação e a recuperação de sua identidade. Proponha-lhe, concretamente, para acolher em si, no próprio ser e agir, a dimensão vocacional como elemento de uma espinha-dorsal da própria ideia de si, convide-a até mesmo a se tornar comunidade vocacional e a reconhecer nesta característica uma oportunidade de renovação, ou talvez a estrada da renovação autêntica, não simplesmente a resposta a uma emergência ligada à sua própria sobrevivência. Porque a paróquia ou é vocacional ou não é. Em outras palavras, a Pastoral Vocacional, nestes tempos complexos de discernimentos exigentes, poderia contribuir consideravelmente à renovação da paróquia.

De fato, nas análises eclesiais realizadas até ao momento, em vários níveis, não tivemos a sensação de uma atenção nesse sentido; não nos pareceu, em outras palavras, que nos diversos projetos de renovação da paróquia se tenha levado muito em consideração a problemática vocacional, muito menos uma pedagogia vocacional. Quando muito, entoam-se as já conhecidas lamentações pela redução numérica de uma vocação particular (a de sacerdote, apenas para mudar) para buscar modo de justificar a crise da paróquia e pedir à própria Pastoral Vocacional que seja ela a procurar resolver o problema. Na realidade, é bem sabido que as "unidades pastorais" nasceram dessa crise e foram concebidas habitualmente para buscar conter os efeitos negativos da diminuição quantitativa de presbíteros, procurando economizar ao máximo as forças ativas.

A Pastoral Vocacional atual poderia também ajudar a descobrir o motivo profundo da crise na paróquia ou encontrar uma das causas que aparece com maior pelo menos peso. Cremos que, tal como com toda a Igreja, ela sofre de três grandes males: o mal da comunicação (que a torna impotente a transmitir ao mundo e muito especialmente aos jovens o dom de que é portadora); o mal da comunhão (no seu interior existem problemas de relação e de competências, de participação de dons e de carismas) e o mal de identidade (é indubitável que a paróquia esteja ainda em busca de encontrar um rosto novo).

Não poderia estar essa crise ligada ao fato de que, de um ponto de vista vocacional, existe na prática um investimento quase total (teológico-pastoral, pastoral-pedagógico, sociológico-antropológico) apenas em algumas figuras vocacionais (sacerdotes-pastores e entornos) que agora, claramente, demonstram-se incapazes de sustentar sozinhas o impacto da modernidade e da renovação eclesial? Desse modo, ao entrarem em crise essas vocações (crise numérica, de identidade, de significado, de relação pastoral etc.), entra também em crise, fatalmente, a paróquia. Sem termos medo de nos enganar, podemos dizer que na origem da crise da paróquia está também uma ideia pobre do que é a vocação, ao se centrar ou se polarizar na vocação clerical (ou de especial consagração), com o consequente processo de desvalorização (eclesial) de outras vocações. Em suma, podemos dizer que estamos diante da velha imagem da Igreja ainda clerical e masculina, com os leigos como destinatários dos serviços religiosos e com o gigante leigo de mentalidade aberta ainda adormecido e com o risco que se desperte de sobressalto e seja desastroso.

Finalmente, a paróquia está em crise porque ainda é muito concebida e construída em torno da figura do presbítero, verdadeira pedra angular do edifício-paróquia, ou porque conserva ainda a forma de funil e tudo deve passar por seu gargalo, que é o padre; porque durante muito tempo viu-se a paróquia como "um sistema solar da catolicidade, onde o padre ocupa o lugar do sol", e onde os leigos "mais que habitantes de uma casa que pertence a todos, são inquilinos de uma estrutura subordinada ao clero". Sem dúvida, com pouco ou quase sem espaço para as outras vocações. E isso não vem de agora, há bastante tempo que a Pastoral Vocacional se lamenta dessa situação.

Nesta reflexão procuramos sobretudo partir de uma certa ideia de paróquia, ideia que faça ver, da forma mais harmônica e sistemática possível, a correlação entre as dimensões do crescimento na fé e a opção vocacional, portanto, entre o ser comunidade de crentes e comunidade de chamados ao mesmo tempo (ou de chamados que chamam).

  • Texto recolhido por Frei Tailer Douglas Ferreira, OSA, da obra: CENCINI, Amedeo. Uma paróquia vocacional: pedagogia da vocação na comunidade paroquial. Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 5-7

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