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jun/21

A confissão do ser humano como fonte

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Quando Santo Agostinho (354-430) escreveu as Confissões, não buscava fama, tampouco desculpar-se pela sua vida pregressa. A reta intenção de Agostinho era louvar a Deus pelo que Ele fez em sua vida e ajudar seus irmãos a viverem o mesmo estado de espírito desse santo homem: a gratidão e compaixão divina em tê-lo conduzido da morte da sua alma (dispersa nas coisas do mundo) à doçura da Graça de Deus (ordenadora dos sentimentos humanos).

Assim, sendo bispo de Hipona, no norte da África, fala consigo mesmo e para si, diante de Deus, expressando o sentimento de sua alma (cf. Confissões de Santo Agostinho 9, 4, 8).

As Confissões são, portanto, uma grande oração que surge do fundo do coração humano e que se expressa através da escrita, atravessa os séculos. Cada um pode encontrar nesse livro os impulsos de seu próprio coração e provar a misericórdia de Deus em seu caminho pelo mundo.

Atenção: Santo Agostinho não está se referindo a uma confissão sacramental como muitas que podemos pensar no senso comum. A confissão proposta por Agostinho é reflexiva, ou seja, é realizada pelo próprio indivíduo a si mesmo. Uma vez reconhecida a sua história pessoal e buscando a ajuda necessária para crescer, o homem pode entender a ação de Deus em todos os momentos de sua vida. E, por isso, a mudança acontece. A confissão sacramental, como estamos acostumados, é apenas um sinal da presença de Deus. E é um alimento salutar no exercício da vida cristã católica. Porém, ela não está dissociada do esforço (sobre)humano de se assumir a sua condição histórica e acreditar que Deus está presente. E que o homem deve orientar sua vontade para fazer a mudança acontecer concretamente em sua vida.

“Tu és o Deus todo poderoso e bom, ainda que não Fizestes mais do que a Si mesmo. Pois nada pode fazer o que Tu fazes. És a unidade perfeita pela qual toda a medida existe! Que dá forma a todas as coisas e as ordena segundo a Tua lei.” (Confissões de Santo Agostinho 1, 7, 12)

Reconhecer a Deus é encontrar o centro de todas as coisas, inclusive de nós mesmos. Como parte da criação, entendemos que a conversão é um trabalho exercido sobre si mesmo que nos faz retornar à ideia principal do Criador: a própria paz de espírito e a disposição de viver a vida como vontade de Deus. Isso pedirá de cada um de nós a suspensão de nossas ansiedades e de nossas certezas. Assim, colocando toda a realidade nas mãos de Deus, buscamos viver o que se apresenta para cada um de nós, os desafios e as alegrias próprios da realidade humana. A confissão sobre si e para si mesmo é fonte de reencontro total consigo mesmo, com Deus e com os irmãos. Eis o nosso destino.

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