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fev/22

Orar e desejar a Deus

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A oração é a forma com a qual o homem se comunica com Deus direta e intimamente. Na oração nos colocamos diante de uma força superior que nos motiva a continuar a viver os desafios cotidianos e nos abastece para enfrentar as ingerências da própria vida. É na oração que repousamos o nosso coração em Deus.

Por isso, como Agostinho nos aponta, o coração desejoso é o princípio e o fim de toda a oração humana. Nessa oração nos expressamos, como o próprio filósofo nos recorda, como “mendigos de Deus” (cf. Santo Agostinho in Sermão 83,2). O desafio da oração é sermos capazes de desejar o desejo da realização da vontade de Deus em detrimento às nossas vontades pessoais e comunitárias. Faz-se importante despojar-se de si e das ‘pré-ocupações’ para se oferecer como participante da história da salvação que Deus tem programado para cada um de nós. Esse movimento é arriscado e nos causa medo. Porém, é o exercício do ser que ora diante da vida e do próprio Deus.

“Muitos clamam a Deus pela saúde dos seus, pela estabilidade de sua casa, pela felicidade material ou por sua saúde corporal, que é o patrimônio dos pobres. Mas quantos clamam o Senhor por Ele mesmo? Pouquíssimos. Todavia, é injusto desejar qualquer coisa do Senhor e não desejar Ele mesmo. Pode, acaso, a doação ser preferida ao doador?” (Santo Agostinho in Comentário ao Salmo 76,2)

Pedir a presença de Deus na nossa vida: essa deveria ser a única oração necessária para o cristão católico. Na presença de Deus, todas as outras preocupações existentes desaparecem, porque ele mesmo conduzirá os nossos passos para que possamos tomar as atitudes corretas diante dos acontecimentos da vida que nos tiram a paz interior. “Peçamos a Deus que nos dê ânimo para pedir-Lhe sempre e que, ao mesmo tempo, Ele esteja sempre atento aos nossos pedidos.” (Santo Agostinho in Sermão 2,7)

Orar pedindo a presença de Deus na vida como argumento principal para resolução das preocupações cotidianas é o desafio da alma orante. Geralmente, somos impelidos pelos nossos desejos a focar em coisas pontuais da nossa vida que tiram os sentimentos de tranquilidade que promovem nossa paz interior. Contudo, esquecemos que a paz é própria de Deus e que somente através dEle é possível reordenarmos os nossos sentimentos. “As duas únicas coisas que merecem ser sempre objeto de nossa prece são: neste mundo, uma vida santa; e no outro, a vida eterna.” (Santo Agostinho in Sermão 4, 6) 

Um coração orante é um coração que deseja Deus como fundamento principal de suas preces cotidianas. Assim, somos fortalecidos para atuar neste mundo de forma consciente e respeitosa com toda a criação. Façamos da nossa oração o espaço privilegiado do nosso encontro com Deus, que não se apresenta somente como aquele que atenderá os nossos desejos. De fato, que Ele seja o nosso próprio desejo de existência e de vida em abundância.

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA
freiarthur@ymail.com

*Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude on-line, em fevereiro de 2022.

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