“O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio." Assim se expressou o Papa Francisco no discurso de comemoração dos 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos, por Paulo VI, em 1965. O Sínodo dos Bispos é uma espécie de conselho permanente do Papa para ajudá-lo no governo da Igreja Católica.
O Papa repete muitas vezes esta expressão: “caminhar juntos”. Ela traduz de maneira bem compreensível o que significa a “sinodalidade”, o jeito de a Igreja ser no mundo contemporâneo. Os sínodos, reuniões dos bispos para tratar de temas importantes da vida das comunidades de fé, nasceram no final do século II, desenvolveram-se no século III e alcançaram sua maturidade com o Concílio Ecumênico, já no século IV. A palavra synodos, em grego, compõe-se de syn (com, junto) e odos (caminho). Caminhar juntos.
Em 2023 acontecerá em Roma a assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que tem como tema este aspecto que o Papa julga fundamental para a conversão e renovação da Igreja: “Uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. A assembleia dos bispos é um ponto de chegada, com muitos encontros anteriores, realizados nas dioceses, paróquias, comunidades, organismos da Igreja. É a fase da consulta ao Povo de Deus espalhado por todo o mundo. Mas também será um ponto de partida, com vistas à maneira de evangelizar afinada com os novos desafios.
A atitude de escuta, para discernir o que “o Espírito diz às Igrejas”, se torna, assim, um elemento essencial para a espiritualidade cristã de nosso tempo, no seguimento de Jesus, Ele que é “o Caminho”. Os primeiros cristãos eram conhecidos como “os seguidores do Caminho”. Dessa forma, “o caminho sinodal começa por escutar o povo, que participa também da missão profética de Cristo”, insiste o Papa.
A “sinodalidade”, todos e todas caminhando juntos, destaca-se, pois, como uma “dimensão constitutiva da Igreja”, o jeito de a Igreja ser. Nesse caminho, é necessário resgatar a dimensão fundamental da fraternidade e do serviço, pois ninguém deve ser elevado acima dos outros, mas é chamado a colocar-se a serviço dos demais, principalmente dos pobres, esquecidos, marginalizados, nas “periferias geográficas e existenciais”.
Também a Ordem de Santo Agostinho está promovendo uma escuta em todas as suas circunscrições espalhadas pelos cinco continentes. A Província da Consolação também renova seu compromisso no caminho sinodal, na escuta, no serviço e na atenção aos rumos de nosso país e do mundo. Muitas iniciativas provinciais serão desenvolvidas nessa perspectiva. Convido você a participar conosco: caminhar juntos é o refrão que nos anima na caminhada: “Canta e caminha!” é o convite de Santo Agostinho.
Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial
*Texto publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, em fevereiro de 2022.
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