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30
ago/21

A família e o Projeto de Vida

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Da Educação Infantil ao Ensino Médio são quinze anos de escolaridade. Depois de todo este tempo, o que se espera dessa formação? Parte da resposta vem da Base Nacional Comum Curricular, que estabelece dez competências gerais que as escolas, por meio dos seus projetos pedagógicos, devem garantir aos estudantes ao longo de sua permanência na educação básica. Sabemos que o anúncio não significa a sua realização, apenas instaura um foco para onde devem convergir nossos esforços.

Há muito trabalho para todos os envolvidos, a começar do próprio estudante, sujeito da aprendizagem. A escola e a família têm outras incumbências, cada qual dentro do seu escopo de atuação. Destacamos também a influência da sociedade em que a criança e jovem, escola e família estão imersos. Como uma sociedade de indivíduos, nós nos constituímos nessas instâncias da mesma forma que impactamos os seus rumos. É nessa "aldeia" que se educa uma criança. Ressaltamos apenas que, em contextos de privação ou vulnerabilidade social nos quais muitos jovens brasileiros vivem, há que se reconsiderar outras variáveis.

Uma grande preocupação dos pais é quanto às escolhas que o filho fará. Esse é o assunto da competência seis, que discorre sobre Trabalho e Projeto de Vida. É esperado que um estudante, ao concluir o Ensino Médio, seja capaz de "valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade".

Esse futuro pretendido irá, no presente, nos mobilizar na organização de meios, processos e experiências pedagógicas para que o educando consiga fazer boas escolhas. Lembrando que escolhas são feitas desde a mais tenra idade, daí entendermos que, intencionalmente, o trabalho de adultos se dará ao longo da vida. Ensina-se a pensar, projetar e fazer escolhas, e elas pressupõem: analisar o contexto; as implicações éticas e moral; as possibilidades; fazer renúncias; e assumir as consequências dos próprios atos, para o bem ou para o mal. 

      As escolas têm muito para pensar e propor para alcançarmos tal qualidade e aptidão, contudo, nessa reflexão, quando me refiro a "nos mobilizar", estou chamando o maior parceiro, que é a família, pois não há projeto de vida que não tenha a sua forte interferência e participação. Pensamos a própria vida a partir de onde nossos pés pisam e o núcleo familiar é, sem sombra de dúvida, o marco zero. Os pais podem proporcionar aos filhos uma estação aberta e viva que disponibiliza conexões para os itinerários e possibilidades, como também uma cela, com travas e interdições, limitadoras dos deslocamentos e da visão que favoreçam qualquer tipo de projeto ou voo.

Os filhos ao chegarem ao mundo, deveriam receber de nós, pais e educadores, o mais refinado do nosso compromisso civilizatório. O projeto de vida não é da escola, do pai ou da mãe. É algo autoral e intransferível. Infelizmente, é mais comum do que se imagina, filhos frustrados, pois querem fazer oceanografia ou música, e o pai idealizou administração ou engenharia, ou vice e versa. Em vez de lutar para encaixar o filho no seu próprio sonho, invista em dar a ele ou ela, a melhor base de apoio e experiências que irão favorecer sua autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Há sabedoria na fala dos antigos: "não criamos os filhos para nós. Eles pertencem ao mundo". Não podemos lançar sobre eles nossas projeções, nem os considerar troféu ou nossa extensão. Há que se fazer um exercício de grandeza e renúncia para dar àquele que chega espaço de expressão dos seus dons e talentos. Um filho que carrega e vive o sonho do outro não pode ser feliz.

Aleluia Heringer
Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais
Artigo publicado no Jornal estado de Minas em 28 de agosto de 2021

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