Desde a infância até a idade adulta e a velhice, a vida de Agostinho se caracterizou pelas relações estabelecidas na busca de um sentido: a verdade. Agostinho viveu a experiência de muitos obstáculos que o enriqueceram e o moldaram. Depois de tomar a decisão de renunciar a sua vida passada, e de haver recebido o batismo, confessou a inquietude que o motivava a permanecer em busca de Deus, em quem todos descansam. [2]
O primeiro trimestre deste ano de 2021 está chegando ao seu fim. Porém, a crise de saúde mundial causada pelo coronavírus, que nos pegou desprevenidos nos inícios do ano passado, todavia, está muito presente. Tem se realizado um esforço concentrado para neutralizar o vírus, especialmente com a produção e distribuição de vacinas. No entanto, parece não haver um conhecimento adequado de quando será derrotado o vírus, com o qual a vida voltará a uma “normalidade” diferente da anterior ao reinado do vírus. Em qualquer caso, o impacto do vírus entre nós e em nosso estilo de vida se nota em todas as partes.
Todos temos sofrido e pode ser que sigamos sofrendo o efeito dramático do vírus: a perda de alguns de nossos freis, monjas e fieis leigos; alguns de nós ainda recordamos a morte de alguns membros de nossa família biológica, de nossos amigos e conhecidos, os que trabalham conosco ou estão próximos a nós devido aos nossos apostolados. Muita gente está devastada pelas consequências deste ser microscópico: perda do emprego ou dos meios de vida, viver em isolamento, ruptura de relações, incerteza e medo do futuro, e trauma que nos requererá tempo para ser superado. Nossa vida se viu afetada significativamente pelo vírus.
Porém, esta também é uma oportunidade para olhar para dentro, voltar a nós mesmos e a Deus. Esse período nos há possibilitado tomar consciência do quão frágeis e vulneráveis nós somos; tem nos aberto os olhos ao descobrimento da nossa mútua dependência, da necessidade de relacionarmos. Muitas das coisas que dávamos por descontadas estão se mostrando cruciais. Chegamos a valorizar e apreciar o contato físico nas relações interpessoais. Que mais? Redescobrimos a centralidade de Deus em nossa vida.
O que você deseja e espera neste período? Não é improvável que cada um de nós deseje um regresso para encontrarmo-nos e abraçarmo-nos novamente. Nosso desejo é caminhar juntos na busca de surgir de novo para seguir adiante, fortalecidos pela graça e o amor de Deus. Este desejo de embarcarmos no caminho da união encontra significado em uma transformação dentro de nós e no alcançar os demais. Nossa esperança se converte então no motor que nos sustenta no caminho. “Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar a nossa vida uma bela aventura.
Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente (…); precisamos duma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! (…) Sozinho, corres o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se constroem os sonhos. Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos.”[3] Estas palavras do Papa Francisco nos recordam a necessidade de apreciarmos uns aos outros, a força motriz de qualquer realização na vida e nos apostolados, mediante os quais crescemos e nos fazemos mais humanos.
As moléstias do presente podem parecer que nos desaceleram. Ainda podem representar obstáculos para nossos planos e aspirações estabelecidos. Mas sejamos valentes, mantenhamo-nos firmes, fixemos nosso olhar no Senhor que nos guia e nos conduzirá suavemente através da margem a um porto seguro.
Desejamos-lhes celebrações plenas de espírito nesta Semana Santa e o Tríduo Pascal do Senhor Jesus Cristo. Feliz Páscoa da Ressurreição!
Roma, 27 de março de 2021
Frei Edward D'Aniang DALENG, OSA - Coordenador da Comissão
Frei Alexander LAM ALANIA, OSA - Vice-coordenador da Comissão
[1] Tradução livre do original em espanhol feita por Fr. Tailer Douglas Ferreira, OSA.
[2] Cf. Confissões, 1,1.
[3] Papa Francisco, Carta Encíclica “Fratelli Tutti sobre a Fraternidade e a Amizade Social, 2020, n. 8.
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