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abr/25

Retornou ao Céu aquele que jamais o deixou

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A vida nos oferece novamente a oportunidade de refletir sobre a vitória da vida sobre a morte. A paixão de Cristo Jesus marca esse drama humano. Nossa finitude se amplia na certeza da ressurreição de Jesus. Com Ele, ganhamos a chance de sermos melhores em nossas vidas e de construirmos uma fraternidade com tudo o que foi criado por Deus para nosso benefício.

Para Agostinho de Hipona, a ressurreição é uma oportunidade de aprendizagem para toda a humanidade. Essa aprendizagem ocorre através de uma profunda reflexão sobre a fé que nutrimos em Deus e em seus desígnios. “A fé nos ensina, meus irmãos, e estamos fortemente convencidos de que um dia Cristo morreu por nós. No entanto, não perdendo nada do que Ele é eternamente, mesmo dando tudo o que foi feito no tempo. Invisível como Deus e visível como ser humano, dando a vida por causa do seu poder e aceitando a morte por causa de sua fraqueza. Imutável em sua divindade e pacífico em sua humanidade.” Santo Agostinho in Sermão 220, 2.

Assim, ao encarnar-se no gênero humano, Jesus não perde sua divindade. Ao contrário, Ele enaltece a criatura à medida que, desde a fragilidade da nossa espécie humana, nos fortalece para que sejamos pessoas capazes de construir sempre algo maior. Diferente do que o mundo faz conosco, Jesus não nos infantiliza com a ideia de que as coisas do mundo devem ser constantemente felizes e pacíficas. Os desafios, as tristezas e as angústias são partes de nossa realidade. E como estamos cada vez mais débeis e mais fracos para enfrentá-las!

A ressurreição é o motivo da nossa crença. Não devemos pedir a Deus provas da nossa vitória, mas a força necessária para nossas batalhas. O mundo nos desafia sempre. Nosso dever é, confiantes em nossas habilidades dadas por Deus, continuar caminhando de forma a melhorarmos o mundo e as nossas relações interpessoais.

“A presença assídua de Nosso Senhor Jesus Cristo no meio dos seus Apóstolos, depois da sua ressurreição, teve como resultado fortalecer mais solidamente a fé deles em sua pessoa. Conhecendo perfeitamente a enfermidade humana e para lhe dar o remédio, Ele quis se mostrar frequentemente a eles e, dessa forma, não deixou neles a menor sombra de dúvidas sobre sua ressurreição.” Santo Agostinho in Sermão 539, 1.

Ele ressuscitou e se faz presente no meio de nós. Assim como permaneceu no meio dos seus discípulos, Ele continua sua caminhada agora conosco. Os desafios do mundo não desaparecerão por causa da ressurreição de Cristo. Mas, com Ele, seremos capazes de enfrentá-los e ressignificá-los desde os momentos difíceis de nossas vidas. Esse é o sinal de maturidade que a Páscoa apresenta para cada um de nós. Alimentados pela fé do tríduo pascal, seguimos nossa vida na esperança de que Deus está ao nosso lado. E que todas as coisas convergem para o bem daqueles que amam ao Senhor.

A partir da Ressurreição, a porta do Paraíso está aberta. Ela só está fechada para aqueles que a fecham e só é aberta pelo poder de Cristo. Que Ele retorne então ao Céu e que nós acreditemos nele. Que retorne ao Céu aquele que jamais o deixou! Que suba para junto do Pai aquele que sempre permaneceu ao lado dEle! De fato, não acreditamos que a Vida está morta para nós? E como a Vida está morta? Acreditamos que Cristo, que está morto, que foi sepultado, que ressuscitou e subiu ao Céu, jamais, por causa disso, deixou o Pai e o Espírito Santo.” Sermão de Santo Agostinho 533,2.

Jesus retornou para junto do Pai. Ao mesmo tempo que permanece no meio de nós através da nossa fé depositada n’Ele. Que essa seja nossa esperança de vida eterna e de transformação para que façamos da Páscoa o motivo maior para crescermos na fé. Livres dos desejos infantis de fugir da realidade e de suas adversidades, peçamos a Deus que sejamos capazes de construir relações maduras que suportem as fragilidades do gênero humano, as angústias da vida e as marcas das frustrações das coisas não realizadas em prol da possibilidade de reconstruirmos novamente todas as coisas que se encontram ao nosso redor. Feliz ressurreição para cada um de nós.

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA
Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, edição de abril de 2025.
Imagem: Freepik

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