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02
mai/23

Frei ou padre?

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Essa é uma pergunta que constantemente escuto nas minhas idas e vindas por aí. As pessoas escutam diferentes maneiras como os consagrados são chamados: padre, frei, frater, irmão, fraterno... Às vezes se pensa que frei é um grau ou uma etapa do ministério ordenado, seja antes ou depois de ser padre.

Pois bem, a palavra frei ou frade vem do latim (frater/fratris) e significa irmão; com o respectivo feminino, freira = irmã. Não é um grau da hierarquia católica, constituída pelos bispos, presbíteros (padres) e diáconos. É uma designação usada principalmente pelos religiosos consagrados das grandes Ordens Mendicantes, como é o caso dos Franciscanos, Dominicanos, Agostinianos, Carmelitas, Servitas e Mercedários.

Assim, pelo fato de pertencer a uma família religiosa (um instituto religioso, ordem, congregação ou associação), a pessoa se torna frei = irmão. A partir do Noviciado, torna-se membro daquela ordem ou congregação. Após o Noviciado, professa os primeiros votos, de pobreza, castidade e obediência. Renova-os por um certo tempo, até fazer a profissão definitiva, pelos votos solenes ou perpétuos.

Há, portanto, entre os agostinianos, aqueles que são freis leigos e os que são freis padres. Todos são freis ou irmãos. Todos realizam a formação inicial, constituída pelas etapas do aspirantado ou postulantado, pré-noviciado, noviciado e professório. Um período que varia de oito a dez anos de formação, após o Ensino Médio. Em geral, todos fazem os cursos de Filosofia e Teologia.

Durante a sua formação inicial, o religioso vai discernindo de que maneira quer ser um frei agostiniano. O fundamental é a pertença a essa nova família, cuja espiritualidade se baseia nos três pilares da interioridade, vida em comum e serviço à Igreja e à Sociedade. Como tal, poderá trabalhar nos vários apostolados típicos da Ordem Agostiniana: educação, ministério ordenado (padre), paróquias, obras sociais, missões de fronteira, mundo das artes, cultura e ciências, diálogo ecumênico, interreligioso.

Quando Jesus ressuscitado apareceu para as mulheres que foram ao túmulo na manhã do domingo, Ele lhes disse: “Não tenham medo. Vão dizer a meus irmãos que se dirijam para a Galileialá eles me verão” (Mt 28,10). Antes de se despedir de seus discípulos, na última ceia, Jesus lhes disse: “Já não chamo vocês de servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas eu os tenho chamado de amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai eu compartilhei com vocês” (Jo 15,15).

Santo Agostinho tinha um grande apreço pela fraternidade e amizade. Esse aspecto é uma nota marcante da espiritualidade agostiniana, que dá um tom especial à maneira de viver a consagração, a partir da comunidade religiosa. Tanto é que nossas Constituições, fundamentadas na Regra de Santo Agostinho, muitas vezes insistem que o nosso primeiro apostolado é a vida em comunidade, em que a fraternidade, a amizade e a disponibilidade para servir são um autêntico testemunho do Evangelho de Jesus Cristo. Essa marca está muito presente em todas as obras que assumimos ou dirigimos.

Tenho tido a oportunidade de participar de muitos encontros, assembleias, cursos, capítulos da Ordem Agostiniana, em vários países. Já estive em muitas casas de nossa Ordem. Em todas elas me senti em casa, como irmão. É o testemunho que sempre podemos dar, como aconteceu recentemente na Assembleia Geral da OALA, realizada em Moroleón, no México, de 24 a 28 de abril de 2023.

A fraternidade, a amizade, a solidariedade constituem, dessa forma, um eloquente sinal pascal, de ressurreição, de vida nova, diante de um mundo marcado por tantas divisões, violências, ódios, preconceitos. São uma semente da civilização do amor e da paz, tão sonhados por São Paulo VI e São João Paulo II. São o ingrediente daquela fraternidade universal e amizade social em que tanto insiste o Papa Francisco, como belamente expresso em sua encíclica Fratelli tutti (todos irmãos e irmãs).

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

- Artigo publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, de abril de 2023.

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