Fale com o animador vocacional

Artigos

31
mar/23

E fora dos stories… como anda nossa sensibilidade?

Imagem
Imagem

O Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Christus Vivit, ao discorrer sobre o tema Vocação convida-nos a pensar “que toda a pastoral é vocacional, toda a formação é vocacional e toda a espiritualidade é vocacional.” (ChV, n. 254). Essa compreensão, por sua vez, só se alcança a partir de uma sensibilidade vocacional. Daí o primeiro objetivo específico do 3º Ano Vocacional do Brasil insistir no cultivo de uma sensibilidade vocacional.

 Na reflexão anterior, já sinalizamos o lugar da sensibilidade na constituição da cultura vocacional: ela é a “passagem, no indivíduo, do valor objetivo para o subjetivo e, portanto, à convicção pessoal”.[1] Aqui parece repousar uma das grandes crises do nosso tempo. Aparentemente, as pessoas podem até se mostrar mais “sensíveis”, mas por vezes falta uma convicção pessoal subjacente que garante aquela firmeza interior. Faz-se por fazer, para aparecer, para garantir os status ou os stories. Mas... e fora dos stories? Como anda a nossa sensibilidade?

Pe. Amedeo Cencini, ao refletir sobre essa questão, aponta para um atual desnorteamento dos sentidos: “são os nossos sentidos obesos, superalimentados por uma porção de comida-lixo e em perigoso delírio de onipotência, que estão desnorteando sua vocação originária, a de consentir que estabeleçamos um relacionamento com o que é verdadeiro, belo e bom.”[2] Para ele, “quando os sentidos perdem sua identidade, nós mesmos corremos o risco de ‘perder os sentidos’.”

E o que fazer, então, com essa isquemia do coração? É necessário intervir na sensibilidade, educá-la, evangelizá-la, convertê-la. “Intervir na sensibilidade significa, portanto, efetuar aquela mudança que a tradição ascética cristã chama com o nome de conversão e, que jamais pode ser verdadeira se não comporta um trabalho radical naquele rico e complexo mundo interior que é, precisamente, a sensibilidade.”[3] Estaríamos dispostos? Certamente, a tarefa que se nos descortina não é nada fácil. Trata-se de fazer uma grande viagem, como nos ensinou Carlos Drummond de Andrade: “Só resta ao homem/ (estará equipado?) / a dificílima dangerosíssima viagem/ de si a si mesmo:/ pôr o pé no chão/ do seu coração”. É urgente percorrer pedagogicamente um caminho de identificação, ativação e integração. Ou como reza a tradição agostiniana: conhecer-se, aceitar-se e superar-se! Certo é também que, se nos dispormos a trilhar esse caminho e acompanhar outros irmãos e irmãs nessa jornada, rumaremos todos a uma nova estação vocacional! Vamos!?

Frei Tailer Douglas Ferreira, OSA

*Texto publicado na coluna PRO-VOCAÇÃO do Jornal Inquietude On-line, de março de 2023.

[1] CENCINI, Amedeo. Construir Cultura Vocacional. São Paulo: Paulinas, 2013, p. 13-15.

[2] CENCINI, Amedeo. Os passos do discernimento. São Paulo: Paulinas, 2022, p. 15-16

[3] Idem, p. 21.

+ Mapa do Site

Política de Privacidade
Cúria Provincial Agostiniana Rua Mato Grosso, 936, Santo Agostinho Belo Horizonte - MG, 30190-085 +55 (31) 2125-6879 comunicacao@agostinianos.org.br

Fique por dentro de tudo o que acontece na Província. Cadastre seu e-mail para receber nossa Newsletter.