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07
mar/23

Quaresma: tempo favorável para missionar o perdão e a reconciliação

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A Quaresma inicia-se com a Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa, antes de começar o Tríduo Pascal. As leituras da Liturgia desse dia fazem um forte apelo à conversão, ao arrependimento, à busca do perdão. E ressaltam a paciência, misericórdia e compaixão de Deus, que perdoa.

A profecia do profeta Joel lança esta veemente exortação: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (Joel 2, 12-13).

O Salmo de Resposta, atribuído ao rei Davi, é uma fervorosa prece de uma pessoa arrependida, que reconhece sua miséria e com confiança clama por misericórdia e pede perdão. E, com um grito que brota do coração, suplica: “Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó, Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso!” (Salmo 50, 12-14).

O Apóstolo Paulo, o missionário por excelência, recorda que somos “embaixadores de Cristo”. Através das pessoas de fé, o próprio Deus exorta: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Cor 5,20). Com missionário sentido de urgência, Paulo adverte que não há tempo a perder: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2 Cor 6,2).

No Evangelho, Jesus, ao propor as tradicionais práticas da penitência – oração, esmola e jejum –, chama a atenção para “não praticar a justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles” (Mateus 6,1). E apresenta o antídoto contra o desejo de aparecer, a espera de reconhecimento e a hipocrisia: realizá-las em segredo, de forma oculta, escondida. Então, “o Pai, que vê o que está oculto, escondido, te dará a recompensa” (Mateus 6, 4.6.18).

A lógica da conversão não é espalhafatosa, sensacionalista, não faz propaganda. Pelo contrário, é discreta, reservada, é atitude que brota na interioridade, é coisa do coração. No entanto, tem uma enorme força transformadora, que desencadeia uma dinâmica que, por caminhos misteriosos, faz brotar a alegria, a firmeza e a paz.

Perdão gera perdão. O Papa Francisco insiste em que jamais desistamos de pedir perdão, porque Deus perdoa sempre. Num primeiro momento, essas afirmações podem suscitar a ideia de complacência indevida, de conivência com o erro, de impunidade diante do mal cometido. É que nos deixamos levar pelos critérios da justiça humana.

É necessário converter-nos também aqui à gratuidade do amor de Deus, ouvir e entender o missionário do Pai, que veio resgatar o que estava perdido, curar os feridos de coração e perdoar o pecador arrependido, pois “aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus” (2 Cor 5,21).

Então, neste mundo de ódio, violências, guerras, preconceitos, discriminações, como “colaboradores de Cristo”, agraciados pelo perdão, vamos de fato aproveitar este “momento favorável” da Quaresma, como “tempo de graça e salvação”, para sermos missionários e missionárias do perdão e da reconciliação.  

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA
Prior Provincial

- Artigo publicado na coluna Reflexão, do Jornal Inquietude On-line, de fevereiro de 2023.

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