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07
mar/23

Deus chama! E espera por nós!

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Sobre promover cultura vocacional hoje!

Com os corações ardentes, nossos pés seguem a caminho, na vivência deste 3º Ano Vocacional do Brasil. Até aqui, buscamos recuperar um pouco da história e refletir sobre o tema e o lema deste Ano Vocacional. A partir desta edição, queremos nos debruçar sobre os objetivos traçados para o ano. Sob a égide de um grande objetivo geral, outros sete específicos se abrigam e constituem-se como que sinalizadores do caminho que a Igreja no Brasil pretende percorrer nesse tempo. Também aqui eles nos serão companhia e farol.

O objetivo geral do 3º Ano Vocacional do Brasil é: “PROMOVER A CULTURA VOCACIONAL NAS COMUNIDADES ECLESIAIS, NAS FAMÍLIAS E NA SOCIEDADE, PARA QUE SEJAM AMBIENTES FAVORÁVEIS AO DESPERTAR DE TODAS AS VOCAÇÕES, COMO GRAÇA E MISSÃO, A SERVIÇO DO REINO DE DEUS”. Um belo horizonte a ser perseguido, não? Mas... vamos lá! O que salvaguarda esse objetivo?

Sabemos que todo bom objetivo traz, logo de início, um verbo no infinitivo, indicando a ação primaz que se pretende. No caso do Ano Vocacional, a convocatória é para PROMOVER. Do latim promovere, o verbo em questão é resultado da justaposição de duas palavras: pro, “à frente”, e movere, “mudar, mover, trocar de lugar”. Promover tem a ver, portanto, com alcançar um lugar mais à frente, mais elevado. Ou seja, o Ano Vocacional quer colocar em destaque algo que já existe, mas que necessita desse impulso, desse novo olhar: A CULTURA VOCACIONAL.

Cultura Vocacional é uma expressão que há muito já acompanha os animadores e animadoras vocacionais. De acordo com o Documento Final do II Congresso Latino-americano das Vocações, “ela é o modo de vida de uma comunidade que deriva do seu modo de interpretar a vida e as experiências vitais e envolve seus membros, de maneira pessoal e interpessoal, em algo que se crê, de que todos estão convencidos, gerador de opções e compromissos e, assim, convertendo-se em patrimônio comum".[1] Como um processo dinâmico, em contínua criação e socialização, a cultura vocacional, por natureza, necessita ser promovida.

Aqui vale ainda destacar as dimensões constituintes da cultura vocacional, explicitadas pelo Pe. Amedeo Cencici em sua obra “Construir Cultura Vocacional”[2]. Para Cencini, toda cultura pressupõe uma mentalidade, uma sensibilidade e uma práxis. A mentalidade diz respeito a “um conjunto teórico de dados e noções que ilustram o sentido e o valor objetivo daquilo com que se quer construí-la criando convicções intelectuais sobre o tema na pessoa que a ele adere.” Já a sensibilidade é a “passagem, no indivíduo, do valor objetivo para o subjetivo e, portanto, à convicção pessoal”. Por fim, a práxis refere-se às “modalidades concretas de atuação do ditado teórico”. Em linguagem teológica, fala-se de teologia, espiritualidade e pedagogia vocacionais.

Mas... onde então promover cultura vocacional? O objetivo aponta as COMUNIDADES ECLESIAIS, AS FAMÍLIAS E SOCIEDADE como lugares por excelência para esse cultivo. Obviamente, cada um desses espaços nos exigirá estratégias diferentes. O que significa promover cultura vocacional em nossas comunidades eclesiais feridas pela pandemia e a pós-pandemia? E em nossas famílias, machucadas, desestabilizadas e desestruturadas? E na sociedade, plural, secularizada, imersa numa onda de pós-verdade?

O caminho não será fácil! No entanto, o objetivo ainda nos ajuda a vislumbrar com força o horizonte, o para que de todo esse nosso esforço: desejamos fazer desses espaços AMBIENTES FAVORÁVEIS, chão fecundo para o DESPERTAR DE TODAS AS VOCAÇÕES. Essa compreensão alargada da vocação, como descoberta do lugar da gente no mundo é fundamental. Não se trata de ser padre e freira apenas, mas descobrir-se e assumir-se graciosamente chamado por Deus. Vocação é Graça! E diante dessa consciência, responder com radicalidade a esse chamado. Vocação é Missão!

A SERVIÇO DO REINO DE DEUS: o horizonte do Reino é, por fim, um aceno singular do objetivo. Não se pode perdê-lo de vista. O Reino de Deus, entendido não só como lembrança da realeza histórica de Deus, mas espera do seu senhorio universal, pregado e testemunhado por Jesus, é um horizonte de esperança. O Reino de Deus impele-nos a superar “o atual e o presente pela orientação para o novo esperado e procura ocasiões para fazer corresponder sempre mais a realidade presente ao futuro prometido” [3]. O Reino de Deus é, assim, ação concreta na história, em vista do futuro prometido que vem. Não dá para cruzar os braços diante do estabelecido e acomodar-se. Deus chama! E espera por nós!

Frei Tailer Douglas Ferreira, OSA

*Texto publicado na coluna PRO-VOCAÇÃO do Jornal Inquietude On-line, de fevereiro de 2023.

Referências:
[1] CELAM. Documento Conclusivo do II Congresso Continental Latino-americano de Vocações. Brasília: Edições CMBB, 2012, n. 52.

[2] CENCINI, Amedeo. Construir Cultura Vocacional. São Paulo: Paulinas, 2013, p. 13-15.

[3] MOLTMANN, Jürgen. Teologia da Esperança: estudos sobre os fundamentos e as consequências de uma escatologia cristã. 3. ed. São Paulo: Editora Teológica: Loyola, 2005, p. 411


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