Buscando aprofundar mais sobre o 3° Ano Vocacional do Brasil, experimentando mais de perto toda a riqueza que nos oferece a Igreja de nosso país, no que tange a vocação e missão, vamos nos ater neste mês ao Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33). Dessa maneira, podemos compreender nosso chamado de batizados e batizadas iluminados pela palavra de Deus e na trajetória dos discípulos de Emaús.
A narrativa de Lucas 24, 13-35, muitas vezes estudada, usada em retiros espirituais, proclamada nas liturgias, é envolvente e faz com que aquele que a lê, que a estuda coloque-se também “A caminho de Emaús”. Porém, ao fazer aquecer o coração, partilhar e abrir os olhos, é necessário refazer o caminho de volta a Jerusalém e enfrentar a realidade hodierna com os olhos de quem fez a experiência do encontro do Crucificado Ressuscitado, é enfrentar as cruzes, lutar pela liberdade, pelo protagonismo dos pobres, dos sem voz e vez. Protagonismo este que se faz urgente e latente no sangue de batizados que sonham com o Reino de Deus já acontecendo agora, ainda que não completamente.
No Evangelho de Lucas, “a partilha é característica fundamental das comunidades cristãs. Partir o pão, no sentido de colocar em comum o que todos têm, a fim de que ninguém passe necessidade, é a prática primeira das comunidades, aprendida de Jesus nas tantas vezes em que repetiu o gesto” (DREHER, 1993, p. 64). E gestos como a partilha, a solidariedade, o reunir-se para a oração, para a escuta da Palavra foram criando as novas comunidades cristãs da época. Junção de corações que ardem pelo caminho, pois estão atentos e sensíveis à palavra do Senhor.
Para enxergar o Crucificado Ressuscitado, a partilha é um caminho, não único, mas fundamental nos caminhos que levam ao encontro com o Mestre. O medo, a tristeza, a fuga são tentações que, muitas vezes, nós cristãos temos. Porém, é impressionante que até nesses momentos o Senhor caminha conosco, junto, ouvindo os clamores, as experiências que já sabe desde sempre, porém ouve para depois interpelar e orientar, e surpreendentemente desaparece quando já está tudo bem, porque já se encontra em nosso coração, dentro de nós.
Oxalá, cada homem, cada mulher que caminha nas estradas deste mundo pudesse sentir a presença e a companhia do mestre Jesus, e depois corajosamente voltasse ao princípio de tudo e enfrentasse na liberdade, na solidariedade, na partilha e na oração a luta por uma sociedade igualitária e justa.
Que o Senhor que caminha com a humanidade, aquece os corações, inspire esse sonho e ajude a tornar realidade a Jerusalém diferente de hoje. Que todos assumam sua missão de batizados e corajosamente se lancem em sua vocação. Corações ardentes, pés a caminho!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2004.
DREHER, Carlos A. A caminho de Emaús: Leitura Bíblica e Educação Popular. Belo Horizonte: CEBI, 1993, (A Palavra na Vida 71-72).
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