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30
nov/22

O valor das pequenas coisas

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Estamos em um tempo em que sempre ficamos preocupados com a intensidade das coisas vividas. Queremos sempre mais... E isso nos atravessa em todos os aspectos da nossa realidade humana. O problema não está no desejo de sermos sempre maiores. Mas, sim, na desatenção às pequenas coisas que acontecem ao nosso redor. Seja para o nosso bem, seja para o nosso mal. O valor das pequenas coisas pode nos ajudar a viver de maneira mais sensível àquilo que se projeta como possibilidade de gratidão a Deus e de crescimento pessoal para o cristão católico.

É a partir desse princípio que Agostinho se transforma em um referencial. Os pequenos detalhes da vida podem nos salvar, ao mesmo tempo que podem corroer as nossas estruturas. Estarmos atentos aos nossos pequenos gestos e atitudes, diante de Deus e dos homens, nos faz pessoas mais dedicadas à contínua conversão e mudança de vida. “Cuidai das coisas pequenas, sobretudo quando são muitas. Não precisamente por sua pequenez, mas por sua multiplicação. Há algo mais insignificante que um grão de areia? E, todavia, com grãos de areia os barcos podem afundar-se.” (Sermão de Santo Agostinho 9, 11, 17) As pequenas coisas que realizamos na vida dos nossos irmãos podem ajudá-los a ser pessoas melhores ou podem atrapalhar esse processo. Somos responsáveis uns pelos outros. E isso se demonstra no cotidiano das relações da vida e dos pequenos eventos que surgem ao longo de nossa caminhada.

De fato, as coisas simples e pequenas da vida, para Agostinho, podem retardar o nosso processo contínuo de conversão. “O acúmulo de pequenos vícios traz consigo a desesperança da conversão.” (Comentário de Santo Agostinho ao Salmo 3, 10) Devemos estar atentos aos nossos pequenos gestos, pensamentos, atitudes e movimentos. Todos eles revelam algo sobre nós, de forma consciente ou inconsciente. Assim mostramos o movimento de nossa alma em relação aos nossos desejos de crescimento, humano e espiritual, em todas as nossas realidades. Pois, como alegoriza o santo de Hipona, “Há mosquitos tão pequenos e tão inquietos que voam incessantemente e não deixam o homem descansar. Assim são as pequenas faltas para a alma humana.” (Sermão de Santo Agostinho 8, 3)

Estarmos atentos e vigilantes: essas são posturas importantes para nos dedicarmos ao cotidiano de nossa vida. As pequenas coisas que acontecem em nosso cotidiano podem nos ajudar ou atrapalhar no caminho de crescimento que nos propomos a realizar diante de Deus e da humanidade. “Quem se descuida dos seus pecados cotidianos cobre-se de pequenos espinhos.” (Comentário de Santo Agostinho ao Salmo 103, 18) O convite é este: estarmos atentos às pequenas coisas de nossa vida. Elas nos ensinarão a dar o valor necessário àquilo que somos e que conquistamos. A intensidade e quantidade das coisas presentes em nossas vidas podem nos assolapar. Os pequenos detalhes mostram tanto o quanto somos capazes de reconhecer a presença de Deus em nossa vida quanto o que ainda temos que modificar para alcançar a vida agraciada em Deus. Olhos atentos e coração inquieto no caminho que traçamos na história da humanidade! Esse é o pequeno detalhe da vida a que devemos nos dedicar sempre.

Frei Arthur Vianna Ferreira, OSA
freiarthur@ymail.com

- Artigo publicado na coluna Fala Agostinho, do Jornal Inquietude On-line, edição de novembro de 2022.

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