UMA VOZ ME DIZ: GRITA!
Na escuridão da noite uma luz brilhou
e humano, Deus nasceu entre animais
porque não houve lugar para ele na cidade.
“Quem dorme não vê Deus passar” disse um morador de rua
e eu vi Deus nos seus olhos passando em minha vida.
Acordados,
os pastores sonhavam o futuro num tempo adverso
e na madrugada fria ouviram anjos cantar
e ao verem uma estrela se alegraram.
Na escuridão da Pátria uma luz há de brilhar
e essa luz tem nome, rosto e alma:
povo da Rua,
indígena,
negro,
quilombola,
Sem Terra,
Sem Casa,
Sem emprego,
migrante e exilado,
periferia,
sertão!
Uma voz me diz: grita!
E eu respondo: que devo gritar?
E a voz que vem de longe me sussurra:
“O poder é como a erva e toda beleza murcha
Eu, o Deus da Vida,
transformarei os montes em caminhos planos
e no deserto uma fonte vai brotar,
farei das espadas relhas de arado
e das armas de guerra instrumentos musicais”.
“Virão dias, diz o Senhor,
em que farei cumprir a promessa de bens futuros.
Nesse tempo brotará a semente da alegria
e na terra haverá paz.
O Senhor é nossa justiça!
Esse será meu nome para sempre”!
Frei Paulo Gabriel López Blanco, OSA
Natal 2024
*Imagem: Freepik