A Ordem de Santo Agostinho, por meio da Comissão para a Justiça, a Paz e a Integridade da Criação, manifesta sua solidariedade e comunhão com a defesa da vida e das causas da população negra no mundo.
George Floyd, nos Estados Unidos. João Pedro, no Brasil. Dois casos, entre muitos outros, de violência e discriminação racial. O pecado do racismo continua fazendo vítimas. Diante dele é preciso protestar e erguer a voz.
Leia, na íntegra, a declaração:
17 de junho de 2020
BLACK LIVES MATTER – A Vida da população negra importa
Declaração da Comissão de Justiça e Paz e Integridade da Criação, da Ordem de Santo Agostinho
A morte de George Floyd, um homem afro-americano, perpetrada por um policial em Minneapolis, desencadeou um protesto mundial sob a bandeira Black Lives Matter (Vidas negras importam). Os protestos têm acontecido não só nos Estados Unidos, mas também em muitos outros países. A Comissão para a Justiça, a Paz e a Integridade da Criação, da Ordem, deseja expressar sua solidariedade com quem luta pela justiça e pela igualdade da população negra e de todos os que são vítimas da desigualdade, especialmente nas sociedades econômicas mais avançadas do mundo.
As Sagradas Escrituras relatam a iniquidade e a injustiça nos tempos bíblicos, desde a escravidão dos israelitas até o mandato, na carta do Apóstolo Thiago (2-9), de não fazer distinções entre as classes de pessoas. Estas situações continuam nos tempos modernos. A escravidão se baseia na exploração dos seres humanos por motivos de cobiça, e suas consequências se veem nas várias formas de racismo, desde a discriminação no emprego até a brutalidade policial. À frente de seu tempo, Agostinho defendeu a libertação dos escravos (Epístola 10); sua referência na Regra (I, 9) assinalando que cada pessoa é templo do Espírito Santo é um desafio forte contra toda forma de discriminação racial e social. O contexto mais amplo, no entanto, é uma desigualdade construída nos sistemas econômicos que buscam o próprio benefício e denigrem a dignidade humana, o bem comum e a sacralidade da terra; e se encontra tanto nos países ricos, como naquelas nações que buscam o desenvolvimento econômico, onde as inadequadas políticas de educação, saúde, segurança pública e o encarceramento estão perpetuando a injustiça.
A Comissão para a Justiça, a Paz e a Integridade da Criação pede à Ordem em todo mundo, que se trabalhe pela justiça racial e social em nossas paróquias, escolas e missões e onde mais for apropriado, para apoiar aos movimentos e organizações legítimas e não violentas que tratam de defender a dignidade de todos na sociedade.
Nas palavras do Papa Francisco, dirigidas ao povo dos Estados Unidos: “Não podemos tolerar, nem fazer vista grossa para o racismo e a exclusão em nenhuma forma e pretender, ao mesmo tempo, defender a sacralidade de toda vida humana... [Eu rezo] pelo descanso da alma de George Floyd e de todos aqueles outros que perderam a vida como resultado do pecado do racismo” (Audiência Geral, 3 de junho de 2020).
Comissão para a Justiça, a Paz e a Integridade da Criação
Paul Graham, OSA – Coordenador
Tony Banks, OSA – Vice coordenador
Bod Dueweke, OSA – Membro de ofício (Representante na ONU)