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05
jul/21

Um coração grato a Deus

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Retomando a obra de Santo Agostinho, Confissões, podemos entender que o seu trabalho de pensar a sua própria história o coloca diante da possibilidade de se encontrar com a divindade. De fato, o exercício da narrativa de si próprio faz com que ele se coloque diante das verdades da sua própria fé, em Deus e nos homens, de forma a refletir sobre as decisões tomadas ao longo da vida.

Como dito anteriormente nesta mesma coluna, as Confissões não foram escritas por Agostinho com o intuito de autopromoção ou de atrair, para si, os olhares curiosos sobre a sua vida. Foi um exercício particular de compreensão de seus afetos, ordenados ou não, para que, assim, pudesse reavaliar toda a sua caminhada, junto a Deus e aos irmãos. Por isso essa obra, mesmo que árdua em sua leitura, faz-se um clássico ao longo dos tempos.

Agostinho de Hipona traça para si um caminho interior em busca de Deus. Voltar para si condiciona o ordenamento de suas paixões e o desejo ardente de se encontrar com o seu criador. “E Tu, Senhor, Meu Deus, que me deste a vida e um corpo, como se vê, dotado de sentido, composto de membros, ornado de beleza, e lhe insuflaste os impulsos vitais para defender a sua integridade, ordenas que eu Te louve por todas as Suas obras.” (Confissões de Santo Agostinho I, 7, 12). O reconhecimento de Deus se faz no movimento interno de entender que o ser humano é parte da criação de Deus e que somos, também, um meio para chegar ao próprio Deus.

Reconhecer-se criado por Deus é a oportunidade de louvar a Sua existência em nós mesmos. E, ao mesmo tempo, compreendermos que o que trazemos em nós (habilidades e competências) são elementos concretos de desenvolvimento humano. “Eu me entreguei à dor, à confusão e ao erro. Eu dou graças a Ti! Minha doçura, minha confiança, pelos dons que me destes. Conserva-os. E, assim, me conservarás. Então, crescerá e aperfeiçoará, tudo o que me deste.” (Confissões I, 20, 31)

Um coração grato a Deus: esse é um dos exercícios aprendidos das confissões de Agostinho de Hipona. Reconhecer-se criatura de Deus possuidora de dons provenientes da bondade de Deus torna-se um dos pontos relevantes para o desenvolvimento humano. Da mesma forma, remete-nos a possibilidade de vivermos em plenitude a nossa vida, com os nossos acertos e erros diários, a caminho desse encontro diário com Deus através de nossos irmãos na sociedade. Enfim, a busca por Deus em nosso interior ganha sentido e amplitude nessa realidade feita encontro com Deus, que habita dentro de mim e do meu irmão. Este último se manifesta tão diferente e, ao mesmo tempo, tão semelhante a mim mesmo, somente por causa da presença interior de Deus em toda a Sua criação.

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