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fev/21

QUARESMA: TEMPO DE ESPERANÇA

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A grave crise humanitária causada pelo COVID-19 atingiu os seres humanos no mais sensível de cada um, isto é, na existência humana. Vivemos por um propósito, a partir de um sentido que nos lança para a realização de nossas vidas. Contudo, a pandemia tornou todo esse ideal algo distante. Instaurou-se o medo, a insegurança de perder entes queridos, além da angústia por uma cura imediata.

De fato, fomos convidados a mergulhar no mistério da nossa existência. Somos seres finitos, limitados; necessitamos ser plenificados e só encontramos essa fonte de plenitude no Mistério Pascal de Cristo. Ele, por amor, se entregou para que fôssemos libertados das raízes do pecado. Assim, abriu o caminho para a salvação, para a Luz eterna, que nos convida diuturnamente à conversão, para a felicidade sem limites.

A fé nos lança nesse abismo da nossa existência. Tomar a mística pascal como guia de nosso caminho dá todo o sentido para que possamos realizar o hoje de nossas vidas à luz do juízo de Deus, ressignificando o sofrimento e, sobretudo, depositando as nossas esperanças Naquele em quem podemos confiar, Jesus Cristo, nosso Norte.[1]

Neste sentido, nos incita Dom Leomar Brustolin: “O destino futuro de todo ser humano não será o fim, mas a vida eterna, que é vida nova que não conhece dor, pranto ou morte. A fé na ressurreição é basilar para todo ensinamento cristão e determina o presente, o futuro, a fé e a esperança de quem crê”.[2] À senda desta proposta que Cristo nos faz, refletimos acerca do Tempo da Quaresma que se aproxima.

Quaresma, tempo oportuno de viver com intensidade a conversão, a oração e a caridade. Tempo de olhar para a Páscoa, que ilumina a trajetória quaresmal com a luz viva do mistério da morte e ressurreição de Jesus, fonte de toda a fé cristã. Neste caminho, Jesus caminha ao 

nosso lado, como fez com os discípulos de Emaús[1]; nos direciona, doa a sua vida para que possamos desfrutar da felicidade eterna.

Todavia, como em uma história de amor, devemos dar uma resposta, firme e direcionada, para que possamos tornar o nosso ser resplandescência do amor de Deus. A Quaresma é tempo de penitência, contudo, é tempo de recordar o Batismo, no qual somos constantemente convidados a renovar a nossa esperança e a partir em missão. Então, qual seria a nossa missão? Devemos ser missionários da esperança.[2]

Em um mundo tomado pela insegurança e pelo obscurantismo, o sorriso do cristão representa esperança de dias melhores. Em meio às tormentas, sonhar com dias melhores é deixar ecoar a beleza do encontro com Cristo que arde em nosso peito, a ponto de, necessariamente, comunicarmos a Boa Nova ao povo de Deus. Recordar o Batismo é recordar o primeiro amor, o primeiro encontro que deixa marcas indeléveis e aquece o nosso coração.

Os quarenta dias do tempo quaresmal nos permitem, com a graça de Deus, preparar o caminho[3] para que Ele possa habitar cada vez mais em nós. Necessitamos esvaziar-nos das mazelas que nos distanciam do caminho do Senhor, para que possamos viver como fundamento de nossa existência, o Mistério Pascal. Pôr-se a caminho, viver o outro, sentir a sua dor, partilhar a vida, o bem; possibilitamos assim, a atualização do nosso encontro com o Senhor.

Viver o sofrimento, compreendê-lo à luz do mistério pascal, tornar nossa vida fonte de esperança, testemunho de vida, semblante de amor. Tudo isso nos permite “sair pelo alto” da tormenta, nos permite caminhar: “A fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente, para a hora da justiça que o Senhor repetidas vezes preanunciara”. (Spe Salvi 41).[4] Sigamos o nosso êxodo, rumo à plenitude, com Cristo à nossa frente, guiando nossos passos e iluminando nossos caminhos.

Eis o convite, sejamos profetas da Esperança!

Boa Quaresma a todos!

Ronaldo José Rodrigues Júnior
Advogado, formando agostiniano da Província Nossa Senhora da Consolação do Brasil, graduando em Filosofia no Instituto Santo Tomás de Aquino - ISTA.

[1] BRUSTOLIN, Leomar Antônio. Esperar o mundo que virá:perspectivas escatológicas a partir da COVID-19. InVida pastoral: revista bimestral para sacerdotes e agentes de pastoral. São Paulo: ano 61 – n. 336, p. 4-11, nov/dez. 2020.

[2] Ibid.., p. 8.

[3] Lc 24, 13-35.

[4] FRANCISCO, Papa. A esperança cristã. São Paulo: Paulus, 2018. p. 137-139.

[5] Is 40, 1-11.

[6] IGREJA CATÓLICA. Papa (2005-2013 : Bento XVI). Carta Encíclica Spe salvi: sobre a Esperança Cristã. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola; Paulus, 2009.

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA de Jerusalém. 1. ed. 13 reimp. São Paulo: Paulus, 2019.

BRUSTOLIN, Leomar Antônio. Esperar o mundo que virá:perspectivas escatológicas a partir da COVID-19. InVida pastoral: revista bimestral para sacerdotes e agentes de pastoral. São Paulo: ano 61 – n. 336, p. 4-11, nov/dez. 2020.

FRANCISCO, Papa. A esperança cristã. São Paulo: Paulus, 2018.

IGREJA CATÓLICA. Papa (2005-2013: Bento XVI). Carta Encíclica Spe salvi: sobre a Esperança Cristã. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola; Paulus, 2009.

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